O tempo voa para quem sonha. Pode parecer só uma expressão poética, mas reflete bem a
história do Um Brinde à Poesia, lançado no dia 11 de junho de 1999, confirmando sua
importância como evento divulgador e estimulador da poesia falada no cenário cultural de
Niterói. A iniciativa foi da fotógrafa e jornalista Lucília Dowslley.
O objetivo deste Movimento é divulgar a obra de artistas consagrados na literatura e na
música - letrista, proporcionar espaço para novos autores e compositores,
estimular e encorajar aqueles que nunca se apresentaram num sarau
ou mesmo falaram num microfone em público e promover
lançamento de livros ou cds, sem custo algum para o artista.
Com edições mensais Lucília faz a abertura apresentando poesias próprias com projeção de
fotos e presta homenagem a nomes consagrados da literatura e da música. Logo no início
acontece o Momento D'versos ou "Circulando Versos", quando o público é convidado a
participar apresentando um poema. Três poetas e um músico convidado mostram seus
trabalhos autorais. Há o momento do brinde em que o público é servido com vinho ou água e
compõem uma poesia coletivamente celebrando a vida.O evento termina com foto de todos
no palco e sorteio de brindes dos apoios.
O objetivo deste Movimento é divulgar a obra de nomes consagrados seja na literatura ou na
música, proporcionar espaço para novos autores e compositores, estimular e encorajar
aqueles que nunca se apresentaram num sarau ou mesmo
falaram num microfone em público.
Muitas histórias foram traçadas.
A gratificação é imensa. No dia 11 de junho o
Um Brinde à Poesia completará 15 anos.
Participe! Vamos celebrar a paz e a liberdade de ser.
Lucília Dowslley
Lucília Dowslley, fotojornalista e atriz, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro. Lançou em 11 de junho de 1999, o Um Brinde à Poesia Movimento pela Paz e Liberdade de Ser, inspirado em sonho, que mensalmente promove no MAC Niterói, no Museu da República e no Solar do Jambeiro. Se apresentou no Paraguai, Nova York e Nova Jersey. Publicou dois livros: Um Brinde à Poesia (2004) e Carmim (2012). Ministra Oficinas de Interpretação e Criação de Textos e coordena o Clube de Leitura para crianças. Viver poesia, falar a poesia, ser poesia. Assim têm sido os seus dias, Militante das artes a mais de 20 anos, acredita na arte como instrumento de autoconhecimento e de conscientização para transformação da humanidade numa vida de qualidade, celebração e paz. Seja no teatro, na fotografia, na música ou literatura, este é o seu grande desafio, o seu objetivo maior e a sua luz.
TEU NOME Lucília
Dowslley
E se príncipe eu for
Escondido neste frágil corpo
Tão pequenino
Causando em ti apenas
Um leve apego singelo
Chorarias a noite toda
Sentindo ter perdido
Para sempre do amor o elo
Ocultarás teu verdadeiro sentir
Enclausurarás-te na torre da solidão
E ainda que eu te traga
Doces melodias compostas
Alados seres encantados
Magia e formosa fantasia
Sonhos, carisma, poesia
Ainda assim tua rispidez não retiraria
Porque o mais sentir
Pelo externo do teu querer
Ego humano escaldado
Por paixões elevada da ilusão
Oh! doce face serena criança
Não queres crescer?
Sou em ti teu próprio príncipe
princesa
Jardim de realezas
A tudo posso oferecer
Não sabes ou finges?
Pois sei que já sentistes
No teu resistente pulsar
O sol em junção com a lua
Derramar sinais gotejantes estrelas
No céu desta noite
E tão alto a ponte
De anjos em missão visam te confortar
Luminares de trilhas sombrias
Sopram no ouvido
Tua térmica melodia
Olhas no vértice prateado
Estarão além sonhos
Vasto índigo manto
Cobrindo todo o pranto
Em mar espelhado se transformando
Cavalga branco robusto corcel
Renasceste principado
Desprezo de culpas
Avarezas turbilhões
Corrosivos nocivos
Então não sabes ainda
Na alma o teu nome?
Vais para fora agora
Não contentes mais nada
Entregas nas linhas
Pisantes do destino
Caminhas na Terra
Espalhas ao mundo
Luz em sonhos apaixonados
Delírios de um vivente
Agora, sem mais adiar digo-te
Assumas: teu nome é POETA.
Poetílica,
eu?
É mentira, eu juro!
Não sou poetílica!
Só porque tomo algumas doses diárias de poesia
Não quer dizer que eu seja viciada.
Poeto só socialmente, é tudo!
Sim, é verdade, saboreio dois haikais ao me acordar
Mas é apenas pra minha mente clarear
E tornar meu dia mais suave
E quando estou tensa no trânsito indo trabalhar
Degusto um soneto fresco e perfumado
Que é só para me acalmar
Gosto de um Fernando Pessoa,
de aperitivo antes do almoço
É um bom digestivo
E me abre o apetite
À tarde , apenas dois ligeiros poetrix
Para acompanhar uma doce trova
que eu mesma faço
À noite, ao chegar em casa, aí sim !
Degusto um
longo Drummond on the rocks
Com pedrinhas de Leminski, para relaxar
No jantar, duas taças de Cecília Meirelles
branco e suave
Ou logo um Baudelaire, seco e forte
E antes de dormir, levo um cálice
de Florbela Espanca, licorosa, para o meu quarto
Misturo com algumas gotas de Neruda
E trago-a, ao som de Vinícius,
Me entregando, enfim, aos braços de Morfeu
E é por isso que vocês me chamam de poetílica?
Estão todos enganados
Quando quiser parar, eu paro.
Não sou viciada!
Mas, por enquanto ...
Poeto, sim, estou vivendo
Tem gente que não poeta e está morrendo
Pele de Jambo
Ai, meu nêgo !
Meu moreno, meu chamego
Tua pele de jambo
Excita todos os meus cantos
Acende meus encantos
Deixa úmidos meus côncavos
E túmidos, meus convexos
Ai, meu crepúsculo!
Ocaso da noite e lusco-fusco da
madrugada
Onde moram os desejos profanos
E os pecados insanos
Quero saber o fruto desta árvore
proibida
Nesta vasta selva escura me embrenhar
Beber o escarlate de tuas uvas de
Dionísio
Chamar teu nome até me embriagar
Ai, meu nêgo
Meu felino, meu azougue
Vagueia por minhas veias escaldantes
Desliza poemas por minha pele macia
E atiça-me com sussurros vadios
Rega-me com tua saliva de jabuticaba
E me faz tremer, com suspiros, ais e
frenesis
Nesta
doce festa do caqui!
Spray de Pimenta
Solta meus cabelos!
Larga do meu pé!
Sai do meu caminho!
Segue teu rolé!
Deixa rutilar meu sol da liberdade
Acompanha-me livre, se quiser
Quero levantar minhas bandeiras
Gritar aos ventos minhas doideiras
Ter a esperança como companheira
Fazer do amar minha eterna escudeira
Não se meta com minha autonomia
Sigo a seta que eu quiser
Tenho asas em meu pensamento
Pouso na árvore que me convier
Gosto de minha companhia
Não ouse me acorrentar
Se queres estar junto a mim
Seja um amigo que não tem medo de voar
Não seja um contrapeso em minhas
pernas
Pois
é o único jeito de eu poder te amar!
Meus pais
Minha mãe
Se pudesse comparar a um recital de
ópera,
Aquele seria o auge da ária
Cujo esplendor provocava o êxtase das
minhas emoções
Ela começava passando pó de arroz e
depois rouge
Delineava as sobrancelhas e olhos com
lápis preto
E, finalmente, o batom vermelho
Ah! Também acentuava o sinal que tinha
acima dos
lábios com lápis preto
Prendia os cabelos num coque alto,
jogava laquê e...
Pronto! Estava vestida para matar!
Belíssima mulher dos anos cinquenta
Linda! Lembrava uma dançarina
espanhola
A adolescente com cara de moleque se
transformava
numa bela mulher
E eu menina, encantada, acompanhava
passo a passo,
sua transformação
E queria ser igualzinha a ela
Sutiã bojudo, a anágua, meias de seda
com costura
Vestido cintado e justo no quadril e
um pouco abaixo
dos joelhos
Scarpins pretos ou beges, colar e
brincos de pérolas
Lá estava ela: minha deusa e musa
inspiradora
Ensinou-me a feminilidade, a força e a
coragem
Do que é ser Mulher
Meu Pai
Boêmio, poeta e gozador
Artista criativo e cantor
Assim era meu pai
Politicamente incorreto e irreverente
Sua riqueza era saber brincar com a
vida
Sua ideologia, a liberdade e seu
violão
Foi o primeiro homem que amei
O primeiro em quem confiei
E foi inspirada nele que tornei-me a
mulher que sou
Tenho seu sangue em minhas veias
E não me surpreendo quando me vejo
Brincando com as agruras da vida
Com um apimentado senso de humor
E sei que ele se revela em mim
Quando farejo de longe um botequim
O som de um choro e um cavaquinho
E
admito um certo quebranto
pelas
cordas de um violão
Meu Guerreiro
(poesia de cordel)
Diz uma lenda medieval
Que nasceu um menino na antiga
Capadócia
Com três tatuagens no corpo:
– um dragão no peito
– uma jarreira na perna
– e uma cruz vermelho-sangue no braço
Orfão de mãe, foi raptado pela Dama
dos Bosques
E tornou-se um um corajoso guerreiro
Jorge foi seu nome de luta e guerra!
E quando aparecia no horizonte
Montado em seu cavalo branco
O povo sempre gritava:
Salve Jorge! Valente guerreiro!
Havia no povoado uma linda e frágil
donzela
Na idade em que fabulavam as novelas
Sabra era uma doce princesa
Oh! E de tão frágil autodefesa!
Precisava de um príncipe que a
salvasse
Dos apetites de uma horrenda criatura
Aquele nojento dragão, de muito mau
hálito
Sem nenhuma compostura
Salve Jorge!
De preferência um príncipe alto,
moreno e sensual
Dono de uma lança forte, longa e ereta
Que soubesse montar um cavalo bravio,
sem igual
Um selvagem alazão ou talvez, uma
fogosa égua
Ogunhê!
“Oh, meu príncipe! Salva-me daquele grosseirão
Te prometo amor puro e eterno
E muitas noites de diversão
Te levarei ao céu de orun,
E da lua faremos nossa alcova, por que
não?”
Ogum Iara!
Jorge, guerreiro indomável, com sua
lança em riste
Pede a benção de Oxóssi e invoca seu
Ogum
Esmaga a cabeça do dragão
Como se fosse um jerimum
(O que não faz um cavaleiro vigoroso
por uma virgem donzela com olhar tão
licoroso?)
Grande Jorge!
Leva a princesa em seu cavalo alado
E se refugiam na lua como namorados
Jorge, com sua lança rija e crua
Sabra, com sua pele lânguida e nua
Dizem que se amam, até hoje
Com paixão e com volúpia
Em cada cratera e em cada fase da lua!
Salve São Jorge!
Salve meu Guerreiro, de coragem
incomum
Salve todos os Jorges, filhos de Ogum!
Ògún Onire!
Saravá
MISSÃO
Se
eu puder tocar
no
coração de uma pessoa
já
terei marcado
o
meu destino de poeta
Não
quero me exibir
através
das palavras
Ser
uma operária
do
som e da rima
é
meu ofício, minha sina
E
se eu puder provocar
numa
só pessoa
uma
lágrima
ou
um riso
mínimas
festas
já
terei vivido
o
meu destino de poeta.
UM
NOVO MUNDO
Se eu pudesse,
soltava
os pássaros
encarcerados, sem voo.
Derrubava
edifícios
pra
ver a lua e as estrelas,
tão
escondidas no céu.
Prendia
os caçadores de borboletas
e
os homens maus
que
exercem o seu mal
destruindo
a natureza.
Se
eu pudesse,
só
conviveria com a beleza:
água,
terra, ar puro
poesia
e corações pulsantes, ardentes,
impregnados
de amor.
Se
eu pudesse,
viveria
a vida,
pura
e simplesmente,
com
fervor.
FIO DE VIDA
Minha vizinha morreu
há meses
Eu não sabia
até ontem
Minha vizinha sofreu
e desconheci sua dor
É assim que vivemos
enrustidos/embutidos
em nossas vidas
Trancados em gaiolas
cada qual com sua
chave
Alguém fora da nossa
tribo
tão particular
não entra
A isso chamamos
globalização/progresso
união de fachada
in site in blog
no virtual
e o nosso igual
abandonamos à sua
sorte
Minha vizinha se foi
Agora, olho para a
varanda,
janelas de sua casa
só vejo escuridão e silêncio
Minha vizinha nunca
mais
Que descanse em paz.
MENTIRA
A maior cegueira
a paixão provoca
entontece inebria
vê o que não existe
A paixão é coisa louca
Quando te conheci
perdi referências
morri de mim mesma
passei a ser cópia
teu reflexo tua escrava
A paixão é mais que lava
a paixão vulcão em brasa.
AUSÊNCIA VIVA
Sinto falta da tua presença
tímida,assustada,
escondendo inocente
o desejo que te inflama
em silêncio.
Sinto falta do teu olhar reticente,
do menino que você é,
mesmo com a cabeça nevada pelo tempo.
Mas é este guri atrapalhado
que me atrai,
este mistério que para mim
não é segredo,
pois enfrentar este teu medo
é a curtição que traz pra minha vida
o encantamento de uma juventude
que pensei perdida.
Com sede e ferida
No deserto
impei
Com meu pr
Bebi e me
lóprio choro
Gota a gota.
O líquido hidrata
E o sal da lágrima
Cicatriza.
(01/03/2014)
*********************
não estou online o tempo todo
não estou so
fine o tempo todo
ninguém me vê o tempo todo
- nem eu -
ninguém vê ninguém o tempo todo
ninguém vive o tempo todo
então não é melhor usarmos nossos
poucos tempos todos
não julgando ninguém pelo que pouco
vemos
por tempo tão pouco?
(02/03/2014)
TODA MULHER
Toda mulher tem um lado puta,
Um lado santa, um lado bruxa.
Toda mulher, quando quer, é astuta,
Mas quando surta sai de baixo.
Toda mulher sabe bancar o macho.
Toda mulher sabe o que quer,
Mas às vezes se perde.
Beleza de mulher não se mede,
Não se pede, se sente.
Para uma mulher não se mente,
Ela sabe.
Mas nela sempre cabem mentiras
sinceras.
Às vezes é melhor dizer o que ela
espera...
Toda mulher tem um lado fera,
Animal no cio.
Toda mulher um dia sente um vazio
frio no peito
Por falta de amor próprio,
Por desamor ao próximo,
Por excesso de amor,
Esse ópio.
Mulher nenhuma gosta de ser tratada
como negócio.
Ela tem valor incalculável.
Toda mulher é amável.
E se você tem uma mulher na sua
vida,
demonstre sempre o quanto é
bem-vinda
E valorize cada minuto com ela.
Toda mulher torna a vida mais bela.
BEIJO
Eu quero um beijo
com sabor de sexo,
explorando todas as
nuances entre
o côncavo e o convexo
das bocas.
Quero um beijo
que me deixa louca
de tanto querer.
Quero um beijo
de estremecer.
Quero um beijo
de lambuzar as pernas
e entorpecer a mente.
Quero um beijo diferente
dos que já me deram até hoje.
Quero um beijo
como se fosse o primeiro,
beijo com saudade antecipada,
o derradeiro,
com gostinho de proibido.
Eu quero o melhor beijo
do mundo,
demorado e profundo,
quero língua, quero tudo,
mas eu quero com você,
pode ser?
Dalberto Gomes Simões - Funcionário público ,
Poeta,escritor, ator
e colunista. Carioca, nascido em 13 de janeiro de 1951.Militante pela
cultura há mais
de 30 anos . Tem 4 livros
de poesias editados - ARTEFATOS
(esgotado), NEGRO SIM (4ª edição ), RELAXE... É POESIA E GOZE A VIDA e
INDESCÊNCIA E EXCRESCÊNCIA (esgotado) . Realiza trabalho
em teatros, lonas
culturais, bibliotecas , clubes , praças
públicas, comunidades, sindicatos,
faculdades e colégios em todo Rio
de Janeiro .
Idealizador da “Manifestação Zumbi
Vive” projeto que
tem 14 anos de existência
em que
se comemora o Dia da Consciência Negra, em Campo Grande (Lona
Cultural), idealizou o I e o II Encontro de Poetas do Rio de
Janeiro .
Participou e participa de quase todos o movimentos culturais
do Município do Rio de Janeiro. Desde Escola de Samba (Membro fundador do
Sereno de Campo Grande) à Bloco Carnavalesco (Geriatria).
Escreveu para diversos jornais da Zona Oeste.
Já atuou em filmes e Peças Teatrais .
Já ganhou 4 monções louvor e Honra ao Mérito da Prefeitura
do Rio de Janeiro e diversos diplomas e medalhas.
É membro fundador do
Conversa Com Versos ( Grupo de poetas da Zona Oeste) ,membro dos Ratos di Versos e os Goliardos , grupos de
poetas que atuam pela Lapa e Praça 15 do Município do Rio de Janeiro.
Recentemente , lançou
o seu 5º livro DANDO A CARA A TAPA na Câmara dos Vereadores do Município do Rio
de Janeiro.
REVOLUÇÃO FRANCESA
Queda da Bastilha
Na garganta do povo
Revolução Francesa
Evolução em pastilha.
Francês me lembra
Torre Eiffel, chulé, scargot
Perfume, pão, Brigite Bardot.
Francês me lembra
Arco do Triunfo, Louvre,
Merci Boucout
Bollevard, cu, Charles
Aznavous
Francês me lembra
Moulin Rouge, guilhotina,
champagne
Maria Antonieta, Iluminismo,
gerdame
Marselha, Edith Piaf,Renoir,
Mirage.
Francês me lembra
De Goule, Joana Darc,
Cartier, sacanagem
Três mosqueteiros, Luiz XV,
viadagem.
Francês me lembra
Marquês de Sade, Johnny
Holliday, Villegaignon
Piegeot,
Alexandre Dumas, Paris, Alain Delon
Champs
Elisées, Moet de Chandon, Napoleão.
Francês me lembra
Jacqueline Bisset, la
boemia, cumprido nariz
Marat, Danton, Yves Montand,
putaria,
Sartre, Simone de Beauvoir,
meretriz.
Francês me lembra, Belle
époque !
Robespierre
,Jean Paul Belmond ,abajur
Moliere,
Air France,Toulouse, Carrefour
Remblanc,resistência,
Pompadour .
Francês me lembra
Mitterrand,
Proust, Regine,Channel,Rodin
Jacques
Cousteou, Yves Saint Lourent,can-can
J t’aime, conhaque,Pierre
Cardin.
Francês me lembra
Marselhesa entoada com
emoção
A Breu Blanc Rouge
tremulante
No mastro de minha petit
recordação
A perda da copa pela
seleção.
Francês me lembra
que é hora de dar o meu bon
jour
Vou para cama com minha
femme fazer amour
Aqui no Brasil está ruim
para sapo
Imagine urubu.
MULHER, MULHER, MULHER, MULHER,
MULHER
Mulher, mulher, mulher
Gosto de você, assim como tu és.
Do teu cheiro e choro
Do teu queixume e ciúme.
Mulher, mulher, mulher
Sabe cumé que é?
Gosto de você da cabeça até a pontinha do pé
Gosto das suas mãos macias
Me alisando me apalpando
Me fazendo cafuné.
Mulher, mulher, mulher
Te quero de qualquer jeito
Deitada, de cócoras no leito
De lado, bruços ou em pé.
Te quero de qualquer maneira
Na carreira
Até plantando bananeira.
Mulher, mulher, mulher
Me chame de Dalberto
Zé ou mané
Sou seu escravo
Açúcar mascavo
Seu contra- filé.
Mulher, mulher, mulher
Musa, deusa, inspiração e fé
Sem você o mundo, o meu mundo!
Não seria como é:
Lindo, divino, feminino
Para ser apreciado e amado por quem quiser.
Pois, Deus em sua realeza
Mostrou sua destreza
Dando a sua criação
O que era capaz de fazer com uma costelinha, a do Adão.
Canta galo, galinha, garnisé.
Faço meu recital
Pelo dia consagrado, avoé!
Sem peido, mau hálito e chulé
Um viva a Eva! Pelo seu pecado original
E viva a você, minha mulher
Contigo estou...
Para o que der e vier.
RACISTA
Ah! Minha preta
Não me venha dizer que tenho preconceito
Esta crítica eu não aceito
Só que...
Adoro carne branca
Nada que a diferencie das outras
Só que ela é branca.
Adoro carne branca
É um prazer sentir-se sob ou sobre a um monte de carne branca
Na palidez das neves eternas
A me envolver
Querendo entrar em mim
Querendo-me possuir.
Gosto de carne branca
Tenra, alva, despigmentada.
Gosto de registrar nela sucos de meus arranhões
E chupões.
Gosto das carnes brancas
Quando acompanhadas por cabelos e pêlos ruivos ou louros
Quando tem olhos - de preferência azuis e verdes.
Pele leitosa, delineada.
Boca fina
Peito, umbigo, braços, pernas, vagina.
Carne branca.
Também sou fã
De peixe
Galinha
Rã.
E você...
Ainda me chama de racista?
-Vamos lá! Minha
neguinha
Deixemos de picuinha
Brindemos este nosso colóquio tomando uma
“branquinha
Um papo enfadonho é falar da morte
Macabro e medonho
“Quando eu morrer me enterrem na Lapinha”.
Quando eu morrer
Nada quero de convencional
Aliás, se eu morrer!
Se a coisa for para valer
Talvez seja abduzido por seres extraterrestre
Ou simplesmente desaparecer.
Se não for...
“Não quero choro nem vela, quero uma fita amarela, gravada
com o nome dela.”
Pois bem!
Preparem meu corpo em ritual
Banhado por essências aromáticas de almíscar e patcholli .
Que o banho seja dado por duas ou mais virgens.
Que seja vestido com paletó branco- para se adaptar aos
outros fantasmas.
Que me façam
maquiagem na face para tirar aquele esbranquiçado horrível.
Ajeitem minha boca para transparecer que estarei
permanentemente sorrindo
Para quem me amou em
vida , não fique traumatizado ao lembrar de como fui.
Não coloquem no caixão aquelas flores fedorentas que lembram
a morte.
Que haja choro, gargalhada, reza, samba, oração, seresta e
ladainha.
Aos amigos que se lembrarem de mim ( pois eu não vou agora)
A estes companheiros, se vivos estiverem, a eles será dado o
direito de levarem para o velório seus apetrechos:
Poetas com suas
poesias
Músicos os seus instrumentos
Cantores as suas cantorias
Dançarinos com suas galhardias.
Que o bloco esteja afinado e na rua.
E o cortejo seja regado com muita pinga e cerveja
Quem for chegado a um “fuminho” , pode dar “doiszinho”
Quem for chegado a uma “fungadinha” pode dar um “tequinho.”
Que na despedida final um
doctíloquo eloqüente faça a encomenda com bastante erudição.
Que haja fala bonita , mas também palavrão.
Que o meu caixão, quando for levado para o sepulcro, seja
carregado por mulheres.
Que na lápide esteja inscrito:
“Aqui jaz um poeteiro
Que amou a vida por inteiro desatino
TEMPO
Tempo
Tempo de dar um tempo
Tempo do tempo
Tempo de viver
Tempo de querer
Tempo de sonhar
Tempo de amar.
Tempo...
Avanço ao tempo
Tempo etário
Tempo cronológico
A se traduzir nos ponteiros de um
relógio
Relógio do tempo
Caixa coração
Tempo sedução
Tic –tac
É tempo de paixão.
Tempo
Complexidade das engrenagens
Vida tritura miragem
Ampulheta reguladora da vida
Desdita morte, dita.
Encerra o tempo sacanagem.
Tempo vento alento
A se esperar
O cabelo branquear.
A se esperar em uma cadeira de
balanço
O tempo avanço.
Tempo destino, desatino.
Gira o mundo ao vento
Na roda do moinho
Passa nostálgico mugir do boi, no
cantar do galo.
Isso o faz pensar nos dias que
estão se esvaindo
Atento? Alento? lento
Não!
Não me contento.
Não é isto, não quero isso!
Minha vida regrada ao relógio
Não é lógico
Segundos, minutos, horas.
Ó! Tempo que não me dá um tempo!
O tempo... O vento...
É ilógico, ideológico.
Maldito! Maldito relógio, maldito relógio.
TPM
Bom dia!
Me zango
Sangro.
Bom motivo me cativa.
Agonia, nervos a flor da pele.
Mês a mês me renovo
Pré-aceitação, pré-concepção.
Pré-acepção.
Prodígio da natureza
Que me fez mulher
Que também é mulher.
Regula-se na lua e na maré
Meu sacrifício e me fazer doar por
certo período
Como bicho, fêmea e mulher.
Mênstruo, “monstruo”, construo.
Bom dia!
Sei que quando me zango
Sangro.
A natureza é bucólica
Acorda-me e renova como mulher
Para sublimidade do útero
Com dor sangramento e cólica.
Sei da minha missão
Como fêmea a conceber
Receptora, expelidora.
Absorvente, acaba com a gente!
Sei da minha condição no reino
animal
Da tradição, transição, ovulação.
Irritação, tensão, comiseração,
ternura e afeição.
Caro ouvinte-leitor
Por tudo o que você leu e ouviu
Estou com a sensibilidade
aflorada, é o sinal!
Por favor,... Antes que me
esqueça.
- Vai pra puta que o pariu!
Estou na tensão pré-menstrual.
O CANDIDATO
Vote em mim!
Sou candidato dos carentes
Dos pobres , dos ricos, dos impuros
Candidato de toda gente
Dos vacilantes e inseguros.
Vote em mim!
Sou candidato dos que amam
Dos que estão para amar
Dos que se apaixonam
Dos que muito e pouco têm para dar.
Sou candidato
Dos fracos, dos fortes e consortes
Dos que respeitam a vida
Dos que contemplam a chegada e a despedida
Dos que , apesar do pesar, dignificam a morte.
Sou candidato
Dos malandros, dos otários, da marginalidade
Das prostitutas, dos bêbados e vagabundos
D escória a sociedade
De todos que vagam pelo mundo.
Sou candidato
Dos aflitos, dos desenganados
Dos doentes, dos sofridos, dos desesperados e abandonados
Eu não prometo... Faço.
Tenho apoio da alta hierarquia divina
Minhas obras estão ai para quem quer e possa enxergar
Para os meus ELEITORES
Garanto abundâncias, saúde, riqueza , prosperidade e paz.
Para VOTAR em mim
Digitem no computador
Quatro letras A.M.O.R
Ou as depositem em oração
Na urna chamada CORAÇÃO.
Façam-me o seu eleito
Meu Partido é a luz
E o meu nome é...
JESUS.
NOITE
quarto torto navegando noutra realidade
imagens metafóricas dobrando madrugadas
estrelas captadas nas crateras ópticas
lembranças flutuando no balaústre
aranhas alongadas no V do teto
demônios anômalos inquietam o Nada
sentado no abismo mastigo minha sombra
sangue de cristo goteja do cálice trincado
suicídio súbito nas rugas do semblante tenro
SOMBRA
língua sábia lambe áspero cárcere fictício
sonhos evaporam silêncio mortificado
originais duma vitalidade dilatada
arcaica simbologia redentora
cega fonte culta
suave azul obscuro
tristes olhos extremos
assombrosas cores vigorosas
manuscritos carcomidos
sublimes pilares paralelos
sopro cuspido no êxtase bucal
tépidos movimentos sincronizados
fragmentos empíricos pelos vasos oníricos
XXXVI
pássaro negro brinda manhã natimorta
supliciados berram blasfêmias divinas
espíritos brilham no escuro do mundo
luz magnífica absorve treva sinistra
soslaios vagam na paisagem do quadro
crânio penetrado por imagem selvagem
ruma pro norte das grandes aparições
AGENDA. PROGRAME-SE,
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