Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

segunda-feira, 18 de junho de 2012

13 ANOS FAZENDO UM BRINDE À POESIA


                                                   UM BRINDE À POESIA
23 de Junho de 2012, das 18:30 às 21:30 horas
ENTRADA FRANCA

       O Um Brinde à Poesia já marcou sua presença na história cultural de Niterói. 
O sarau reúne poetas e músicos divulgando seus trabalhos autorais mensalmente.
O público participa da canja de versos e no final acontece o
brinde com coquetel e sorteio.

           Lucília Dowslley foto jornalista poeta, acompanhada dos músicos e cantores Fábio Pereira e Hélio Sória e do contador de Histórias Mirim Arthur Freitas, comemora 13 anos do Movimento Cultural que promove poetas e novos compositores musicais.   Participação dos artistas: Antônio Gomes Eduardo (Fernando Pessoa), Eduardo Tornaghi, Beatriz Provasi, Janaína da Cunha, Jorge Ventura, Iverson Carneiro, Cristina Lebre, Mano Melo, Pierre Crapez, Naldo Velho, Silvio Ribeiro de Castro, Mozart Carvalho, Sérgio Gerônimo, Maria Helena Latini, Teresa Mello, Wanda Monteiro, Carmem Brasil, Carmozinda Reina, Sérgio Gramático Junior, Catarina Dall'orto (atriz), Fávian Goitian, Edna Costa, André Santana, Igor Fagundes, Stella Vives, Simone Leite, Roberto Mattoso, Gilberto Gouma, Débora Moreno, Dalberto Gomes, Marisa Queiroz e Bayard Tonelli.

Lançamento do livro
“Matéria de Rascunho”
de Eduardo Tornaghi

Homenagem: Fernando Pessoa (patrono do um brinde)
Poesia Musical: Chico Buarque



Dia 11 de Junho Um Brinde à Poesia completou 13 anos 
promovendo, divulgando e estimulando esta arte que tem
mais apaixonados do que muitos imaginam!

Vamos comemorar no dia 23 de junho, 
com uma programação super especial, 
reunindo artistas que brilharam no 
"Um Brinde" tornando cada edição memorável. 





Vamos celebrar e nos embriagar de emoção a cada brinde!

No limite da emoção, o grito ecoa, poesia liberdade de ser.

Você é sempre bem vindo presença especial!


Paz! Brilha Luz!


Lucília Dowslley - Poeta, fotógrafa e atriz, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro.
Lançou em 11 de junho de 1999, o Um Brinde à Poesia Movimento pela Paz e Liberdade de Ser, inspirado em sonho. O símbolo de projeto é a foto da estátua de um Anjo tirada, em 1998, no Central Park. Mensalmente a escritora promove saraus, tendo inclusive já se apresentado no Paraguai, Nova York e Nova Jersey. Comemorando cinco anos do Movimento lança seu primeiro livro de pensamento, foto e poesia com o título Um Brinde à Poesia. 

Trabalha nas seguintes atividades: Fotografia - Jornalismo – Designer Gráfico – Produção Cultural – Artes – Literatura – Educação - Teatro

Graduação em Jornalismo – Faculdade Hélio Alonso 
Web designer e Designer Gráfico– CEIMPRO 

Oficinas de Teatro e Montagem de Peça Teatral, com os diretores Françoise Fourton (1997), Anamaria Nunes (1997/1998), Marcio Trigo (2003/2004), Marcelo Aquino (2009/2010), entre outros.

PRINCIPAIS FATOS BIOGRÁFICOS (A PARTIR DE 1997):

1997 - Trabalha no Jornal Verbo & Imagem da Fundação de Artes de Niterói 

1997 - Se apresenta pela primeira vez como poeta num evento literário, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno.

1997 – Participa, como atriz, da montagem Crônicas Pantagruélicas do Infâme Rabelais, de Ana Maria Nunes, no Teatro Municipal de Niterói e no Teatro Glauce Rocha, interpretando cinco personagens.

1997/1998 - Trabalha como Fotógrafa da Bloch Editores, fazendo fotos externas e em estúdio, um deles o PROJAC da Rede Globo, registrando cenas de novelas.

1998 - Viaja para Nova York pela primeira vez e fotografa O Anjo, no Central Park, imagem revelada em sonho para ser símbolo do Um Brinde à Poesia. 

1997/1998/1999 - Monta a Cia Teatral Máscaras com jovens entre 17 e 25 anos.
Escreve, dirige e produz Viajando nas Páginas Musical Infantil, no Museu do Ingá e no SESC Niterói.

1997 - Escreve, dirige, atua e produz Flashes & Folhas projeto multimídia reunindo poesia, fotografia, teatro e música, retratando a realidade dos moradores de rua contrastando com a harmonia da natureza, no Plaza Shopping, na Estação Livre Cantareira, em Niterói e no Espaço La Folie, em Botafogo. Nesta ocasião trabalha como voluntária do projeto Pró criança, dando aulas de teatro e tirando meninos das ruas.

1999 - Trabalha com 
publicidade na Revista Portos e Navios.

10 de maio de 1999 - Sonha com toda a idéia do Um Brinde à Poesia e no dia 11 de junho faz o lançamento num sarau homenageando Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes, reunindo 60 pessoas e distribui a primeira edição da revistinha literária, que chegou a ser publicada até o número 65.

1999 a 2002 - Apresentou o Um Brinde à Poesia em bares e Espaços Culturais da cidade de Niterói, entre eles: Museu do Ingá, Clube dos Advogados, Teatro da UFF.

2003/2004 - Apresenta Um Brinde à Poesia mensalmente na Livraria Ver & Dicto, chegando a ter 80 pessoas reunidas por noite. Lançando seu primeiro livro Um Brinde à Poesia, fotos pensamentos e poesia, numa edição independente com tiragem de mil exemplares.

2005 - Viaja para Nova York e fica lá durante seis meses. Recebendo o convite para relançar o livro na sede da Seicho-no-ie, em Nova York e em Nova Jersey. Recebe o incentivo do diretor da UBNY (União Brasileira de Escritores de NY) e dos jornais Comunidade News, Brazilian Voice e Brazilian Press.

2006/2007 - Inaugurou e dirigiu o Ateliê do Poeta, em Itaipu, Niterói, participando da Rota das Artes e promovendo workshops, palestras, espetáculos e exposições. 

1999/2011 - Criação, produção e apresentação do evento cultural Um Brinde à Poesia, com edições nos principais espaços culturais da cidade de Niterói, com passagem em Nova Jersey, Nova York e Paraguai, 

2000/2011 - Aulas de Informática, Teatro e Criação de Textos para crianças (3/10 anos), no Jardim Escola Sementinha Iluminada e CIEP Várzea das Moças.

1999/2011 - Oficina de Criação e Interpretação de texto e teatro, para jovens e adultos.

2009 - Participa da montagem teatral Cabaré Wilde, como atriz, com poesias próprias inseridas no espetáculo (Salomé), no Solar de Botafogo.

2010 - Criou e coordenou a Sala Fala Poeta, no Centro de Niterói, onde acontece mensalmente o sarau pocket/clube de leitura Coração Poético.. Espaço que utiliza também para ministrar as Oficinas de Criação e como estúdio fotográfico.

Exposição Fotográfica:

Flashes & Folhas – Novembro de 1997, Ateliê Art Center, São Francisco Niterói. Plaza Shopping e Estação Livre Cantareira, Maio de 1998. Espaço Cultural La Folie, Botafogo, Agosto de 1999. Encontro pela Paz e Liberdade de Ser, Paraguai, novembro de 2000. Exposição multimídia, com projeção e performance poética, apresentando fotos de moradores de rua de várias cidades como Rio de Janeiro, Nova York, Niterói, Teresópolis, entre outros, contrastando belas paisagens naturais. Dia Mundial da Fotografia - Sociedade Fluminense de Fotografia – Coletiva, 2001. Um Olhar Sobre Niterói, fotos em homenagem aos 428 anos de Niterói. Sala José Cândido de Carvalho. Luzes do Som, SESC Niterói, maio de 2003. Fotos de shows de Moska, Biquíni Cavadão, Joana, Luciana Mello, Alceo Valença, Frejat, entre outros. Curando Desirré Monjardim, setembro de 2004, coletiva, Espaço Cultural MODA, Ingá, Niterói. COLETIVA – Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, abril de 2006. Espírito das Ruas, fotos de Nova York, julho de 2006, Ateliê do Poeta, Itaipu, Niterói. Natal Feliz, coletiva, Barra Vento Center, Piratininga, dezembro de 2006/2007. Niterói Poética, Livraria EDUFF, Icaraí, Niterói, Novembro, de 2008. Um olhar sobre Niterói, FLUP – Casimiro de Abreu, maio de 2011.





Fábio Pereira - Nascido em 13 de Julho de 1978, Fábio Pereira do Nascimento iniciou

seus estudos de música em 1992,com aulas domiciliares de piano,

instrumento que despertara seu interesse desde muito jovem.Porém,ao

fazer 15 anos,ganha de sua madrinha Jurema (in memorian) um violão,um

segundo companheiro para o jovem Fábio,curioso e entusiasmado,que

buscava conhecimento,vindo anos depois participar de grupos jovens de

igrejas locais,estando durante 10 anos nesses grupos.O despertar para

a composição viria anos depois,com a volta ao estudo do piano e canto

na Escola de Música Villa-lobos,e de sua atuação como integrante do

coral da U.E.R.J -campus São Gonçalo,cidade onde nasceu.Em paralelo

com sua inserção na vertente musical,somava-se a esta a arte do

Teatro,na qual se introduziu,aprovado por teste, para o elenco da

Oficina de Montagem Oswaldo Montenegro(turma de 2003),onde participou

da montagem do espetáculo "Noturno",concebido e dirigido pelo próprio Oswaldo.
Atuou também na peça "Caio à Caju",realizada durante oficina de
formação de atores no Sesc Tijuca,coordenada pela atriz e diretora de
teatro Ana Kfouri e com aulas ministradas pela atriz Ana Abbott. A Peça
abordava o cotidiano conturbado e subversivo de dois expoentes da arte
brasileira : O Cantor e Compositor Cazuza e o escritor Gaúcho Caio
Fernando Abreu.Têm formação técnica em teatro pela FAETEC, trabalhou
com o ator,jornalista e escritor João Pedro Roriz, como ator e diretor
musical dos espetáculos: O Primeiro Dia de Aula, Cantos do
Brasil, dentre outros, além de diversas entrevistas no programa Rio
cultural, apresentado por João Pedro Roriz pela rádio Rio de Janeiro,e
pelo Músico e ator Thiago Thomé, em seu programa entitulado "Nó",que
vai ao ar pela rádio Roquette Pinto, ministrou aulas de violão popular
para jovens.Cursou oficina de teatro para cinema e TV, ministrado pelo
ator e cineasta Sylvio Guindane. Atualmente integra a equipe de
produção do Encontro multiartístico mensal Um Brinde à Poesia, criado e
coordenado pela Escritora, poetisa e fotojornalista Lucília Dowslley.O
encontro ocorre todo segundo sábado,a partir das 15:00 no M.A.C. -
Museu de Arte Contemporânea de Niterói.Participa de encontros de
compositores,como o Sarau Criar, criado por Omar Marzagão, e pelo músico
maranhense GladAzevedo.Recentemente passou a integrar o
Porto Aberto,outro sarau de compositores,com o intuito de criar novas
redes de contatos, bem como a veiculação de canções inéditas,
e consequentemente de seus criadores
aos olhos do grande público.Dentre suas influências musicais, Fábio
compôs uma canção a qual dedica ao Jorge Ben Jor, a afro-balada No
Balanço do Guerreiro e tem planos para o lançamento de seu primeiro cd.

Contato para shows/eventos :

             (21) 9651 - 4028     










 Arthur Freitas - 10 anos, é aluno do Jardim Escola Sementinha Iluminada,
em Itaipu. Aluno das turmas de Criação de textos e Oficina de teatro, 
ministradas por Lucília Dowslley, 
que o convidou para participar das edições do Um Brinde à Poesia.
Atualmente apresenta a canja para o público participar com uma poesia, apresenta histórias e poemas, participa do Clube de Leitura JESI e está ensaiando a peça O Pequeno Príncipe - ele será o personagem principal (direção de Lucília Dowslley).



Antonio Gomes Eduardo dono da livraria Gutenberg, parceiro de muitos brindes e magnífico intérprete com sotaque português do nosso patrono Fernando Pessoa. Amigo da poesia e dos poetas. 


Eduardo Tornagh- Nascido no Rio, turma de 51 cresci brincando de fábula, teatro, canto e poesia. Me formei psicólogo mas isso se tornou detalhe. A vida já tinha me levado pra Arte. Teatro principalmente, em todas as funções. Agora, com a maturidade veio com força a poesia. Publiquei "Matéria de Rascunho" (duas edições, preparando a 3˚) e promovo "Peladas Poéticas" (toda 4˚f. no Leme e, se você quiser, na sua festa, sua escola seu trabalho. A Poesia diverte, antena, organiza, colore além de ser o único verdadeiro antídoto pra coisificação precificante que nos assola.









Cristina Lebre -  50 anos, jornalista formada pela UFF. Pós-graduada em Gêneros Textuais e Interação pela UNIPLI, e formada em Inglês pela Esol – Cambridge, em convênio com a Cultura Inglesa do Brasil. Foi locutora da Rádio Fluminense FM – a “Maldita”, no período de 1982 a 1985, durante o apogeu da rádio comandada pelo jornalista Luiz Antonio Mello. Escreve desde criança, textos, contos e, principalmente, poesia. Lançou seu primeiro livro de poesias –" Olhos de Lince " – recentemente, e já tem material para a edição de mais dois livros, um infantil e um de contos e poesias. Trabalha como freelancer de jornalismo e revisão de textos para assessorias e pessoas físicas.
"Cristina Lebre, carioca, migrou para Niterói nos anos 80, quando fez Comunicação na UFF e formou-se em jornalismo." A partir daí continua "Pós-graduada


"CECÍLIA"

Cecília
mão que deslizava
poesia.

Cecília
inesquecíveis são seus dizeres
sua sensibilidade.

Sua retórica
inebria
sua imaginação
sua habilidade
pura emoção.

Cecíia
ícone da poesia
canção 
inspiração maior
prá mente e pro coração.

Em seus versos me criei;
ao ler suas palavras
chorei e chorei
até querer ser como você:
Poetisa.

Cristina Lebre – 2008

"SOLIDÃO"

Ela chega e deixa o coração assim, sem afago;
amassa o corpo cansado
e esmaga os dedos secos do inverno
do frio desprovido do poder
de arrefecer o tremor dos dentes.

Ela tritura o estômago, dilacera os órgãos
que, amordaçados, contêm o choro reprimido,
debaixo dos lençóis, do quarto mofado, 
trancado, deprimido.

Ela desaba frigidez sobre um dorso ainda infante
continuamente belo
teimosamente puro.

Ela afasta as visões bonitas
do entrelaçar das mãos dos amantes
do olhar inocente da criança
das lágrimas sinceras do homem pobre.

Ela mina o amor à natureza
os pingos de orvalho pousando suaves
sobre os copos de leite.

E derrete a alma
desfaz o corpo
corrói o desejo
mata.


Cristina Lebre - maio/2008




Janaína da Cunha - bisneta do imortal, Euclides da Cunha - é jornalista, poeta, escritora, atriz, comendadora, acadêmica da ALB e correspondente da ALB/Suíça, agitadora cultural, militante artística, empreendedora, idealizadora e apresentadora do Evento Identidade Cultural e líder-fundadora do Movimento Culturista, parceira de Lucilia Dowslley e Um Brinde à Poesia. 
Autora do livro: “ENTREGA – A Essência de Uma Mulher” pela Editora NITPRESS.

A PERDA DA INOCÊNCIA
(ao meu pai Euclydes R. da Cunha Neto)

Eu vi um pássaro cantando no túmulo de um pai.
Vi as lágrimas de uma mulher
e a inocência de uma criança.
Eu vi a amargura de uma mãe no fim do mês.
Vi a panela vazia no fogão
e a “sujeira” debaixo do tapete.

Também vi a filha de alguém sozinha na multidão,
não pedia nada a ninguém... apenas estava lá.
Observei pessoas passando indiferentes,
apressadas, não viam ninguém... apenas passavam.

Eu vi a perda da inocência.
Vi as promessas de um político
e a incredulidade de um povo.
Observei a fome brindando nas esquinas
e a ambição escravizando o coração do tolo.

Eu vi o círculo fechando,
as cenas se encontrando,
a vida repetindo...

Eu vi...

Vi uma menina crescendo,
Uma senhora me olhando...
Eu vi a minha imagem no espelho!



MENINA DAS ROSAS
(para uma menina vendedora de flores na Praça São João, em Niterói)

Menina das rosas com os pés no chão.
Cabelos ao vento na Rua São João.
Rosa menina, menina tão prosa:
“Vendo o perfume... de graça são as rosas!”

Rosas rosadas...
Roupas remendadas de sentimentos esquecidos;
cores desbotadas de amores perdidos.
Rosas vermelhas...
na sala perfumada os sonhos permeia.
Pétalas de um mito, paixão sem juízo.
Pétalas sentidas... guardadas nas páginas de um livro!

Menina Rosa... Rosa levada!
Olhar profundo... roda a saia...
Gira o mundo...
Borda no céu as rendas das flores:
“Para a dor mais mel;
para a vida mais amores!”







NALDO VELHO - Músico (compositor), poeta e artista plástico, com dois livros publicados: Mania de Colecionador e A Dança do Tempo. Atualmente preparando o seu terceiro livro a ser publicado até o final do ano: Asas Que Tenho Por Dentro.

Para melhor conhecer o trabalho deste poeta visite 
http://bardodassombras.blogspot.com.br/

A LINGUAGEM DOS VENTOS
NALDOVELHO

Preciso aprender a linguagem dos ventos,
que todos os dias invadem minha casa 
e fazem um estrago danado 
não sei se por necessidade, 
ou só para subverter.

Talvez alguma mensagem,
coisa trazida dos longes,
notícia que seja alvissareira,
talvez um novo tempo,
sinal de que alguma coisa vai mudar.

Um passarinho amigo,
companheiro das manhãs de preguiça,
disse-me assim derradeiro:
quem sabe seja a hora de recomeçar!

Preciso aprender urgentemente
a linguagem dos ventos que trazem,
inquietude, rebeldia, questionamento,
para poder compreender a mensagem
que faz tempo eles procuram me entregar.


CASA SOMBRIA
NALDOVELHO


Uma casa sombria, se eu bem me lembro... 
Minha mãe chorava, mesa da sala,
revista Grande Hotel rasgada, 
e eu não entendia...

Já faz muito tempo! 
Mamãe foi embora, meu pai foi antes...
E quando foi já não rasgava revistas,
era um homem triste e não sabia,
era um homem distante e não entendia.

Às vezes eu ainda sonho:
casa sombria, quintal mal cuidado,
porta da sala encostada, e a do quarto trancada.
Em meu sonho eles ainda moram lá!

Minha mãe na mesa da sala,
revista Grande Hotel aberta, 
fotonovela, romance...
Meu pai no bar da esquina,
ele ainda é um homem distante,
ainda não entende a poesia. 












Gilberto Gouma


Atividades de ensino

Cursos regulares em Instituição de Ensino Superior
• Professor do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) - UFF - desde 1992, ministrando disciplinas nas áreas de: Teatro, Literatura, Cinema, Planejamento e Gestão Cultural.
• Professor no Curso de Especialização em Literatura Infanto-Juvenil - Letras – UFF.

Cursos livres
• Teatro – AABB (Niterói) e Planetário da Gávea.
• Videoarte – Parque Laje.

Workshops
• Professor de cursos intensivos de Planejamento e Gestão Cultural, a convite de diversas Secretárias e Fundações Estaduais e Municipais de Cultura no Brasil.

Atividades Artísticas e Culturais

• Ator e diretor de teatro 
• Roteirista, Diretor e Produtor de vídeos didáticos, documentários, institucionais e video peças (com Sérgio Britto, Rubens Correa, Gerald Thomas entre outros)
• Participação em Mostras e Festivais de videoarte (Prêmio de Melhor Video Arte no X Rio Cine Festival)
• Participação em Seminários e Simpósios
• Planejamento e Organização de Eventos Culturais

Atividades de Planejamento e Administração

• Elaboração do Projeto de Graduação em Produção Cultural – UFF 
• Coordenação do Setor de Vídeo do Departamento de Difusão Cultural – UFF
• Coordenação do Curso de Graduação em Produção Cultural – UFF
• Coordenadoria de Políticas Institucionais – CPIEX – PROEX – UFF
• Membro da comissão de articuladores da Subdelegacia de Mobilização, Coordenação Política e Relações Públicas do SATED Leste Fluminense.
• Coordenador Geral dos Centros Culturais – Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

OUTROS

Participação em Especiais de Televisão

• “Primeiro Plano” – versando sobre sua obra em videoarte.
• “Diário de Teatro” – versando sobre sua obra em vídeo peças, 
• “Olhar 2004” – versando sobre a sua elaboração da Graduação em Produção Cultural.
• “A Casa dos Relógios” – especial de Natal, como roteirista e co-produtor, a partir de seu conto homônimo. (elenco: Sérgio Britto, Jacqueline Laurance e Bel Kutner)



ANALFABETO AFETIVO (ou ANTI-GRAMÁTICA DE CAIRO TRINDADE).

Sem sintaxe no sentir, sem concordância no pensar, sem regência no agir
Nada do que sinto me liga ao derredor 
Só redijo fragmentos pois que minha inteireza nunca se fez
Sou retalhos de tantas almas que indefino uma imagem precisa
Brinquei com máscaras e perdi as expressões sentidas
A morte destemo por não recordar o que teria sido vida
Não sou quem surge no reflexo, mas me esboço na sombra
Só me vê, quem escuta o que não digo, quem decifra o gesto que não faço
Emaranhado num construir-me, rompi certezas, apaguei digitais
Sou pressuposição, conjectura, absurdidade
Qual lado do espelho me abriga?

Gilberto Gouma


INFERNO ASTRAL
________________________________________ por Gilberto Gouma

Não me consola saber-me assim. Uma felicidade em potencial que não se consolida. Meus ais se pronunciam com maior alvoroço do que os sorrisos que me congratulam. Há quem me considere ingrato para com tão promissor destino. Julgam que na cartada, levei ases e coringas em profusão. Mas me sinto um macaco numa jaula e as bananas estão do lado de fora. Me parece que estou emaranhado em idéias que não me pertencem, acordado num pesadelo de doce futuro – amarga sujeição. Sem pedir-me licença, condenaram-me a viver desejos alheios. Lambuzaram-me com leite e mel, quando eu preferiria vinho e pimenta. Nasci com estética de príncipe e uma alma mendicante e só me atraem os plebeus. Meu avesso quer vir à tona e cobrar o que lhe foi usurpado.

ANATOMIA DA DOR
____________________________ Gilberto Gouma

Percorro labirintos escatológicos onde se esconde o prazer do sofrimento. Ser feliz é vocação. A mim, coube o martírio da diferença, aceitação do estranhamento. Disfarcei com certa eficiência minha inadequação. Pareci ser o exemplo quando era a exceção. Cheguei a sentir orgulho, quando deveria envergonhar-me. Tracei um perfil distante da alma: só reboco, inútil aparência. Impulso em confessar, mas amedronta-me o grotesco que se revela ao espelho. Uma sombra de boas intenções, a face recusada. Uma hipocrisia velada sustenta a farsa. Todos preferem a canastrice medíocre do que o brilhantismo canhoto. Prisioneiro da máscara, planejo a fuga.






SÉRGIO GERÔNIMO Alves Delgado – poeta carioca, palestrante, também cronista e ensaísta. Editor-chefe da OFICINA, capista, supervisor do ROTEIRO DA POESIA (sites OFICINA Editores e APPERJ), produtor cultural. Publicou em poesia: "Profanas & Afins"; "Outras Profanas"; “Coxas de Cetim'';PANínsula”; “BelaBun”; “Código de Barras”; “Conversa proibida”. Fundador da APPERJ – Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro, atual Presidente e Presidente de Honra, membro da União Brasileira de Escritores / RJ, do PEN Clube do Brasil, da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, do Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro, da Academia de Letras e Artes Lusófona/Portugal. Coordena o evento poético no Rio de Janeiro: “Te Encontro na APPERJ”. Participante ativo do circuito de poesia contemporânea carioca e nacional, integrante do URBANOSEMCAUSA junto ao poeta Mozart Carvalho.
Sites:




Mozart Cruz de Carvalho - Poeta, ilustrador, tradutor, contista, conferencista (POESIA - APPERJ, Nassau College / University of New York - USA), fez curso de teatro, dirigiu o espetáculo Oráculo (música e poesia) no Teatro Municipal Café Pequeno/RJ. Vice-presidente da Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro, membro da ACLAL – Academia de Ciências, Letras e Artes Lusófonas – Portugal, membro da União Brasileira de Escritores/RJ, membro da AACLIP – Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá/RJ. Professor de Língua Portuguesa / Literatura /Inglês / Literaturas Americana e Inglesa. Especialista em Língua Latina. Especialista em Linguística Aplicada à Língua Portuguesa. Membro do Grupo de Estudo de Línguas Clássicas e Orientais (LECO) / UERJ. Professor de Língua Portuguesa/Produção Textual do Colégio Veiga de Almeida. Membro do Conselho Editorial da Revista Literária Plural, Rio de Janeiro / RJ. Livros publicados: O CERVO E O LAGO (fábula infantil) e A Raposa e a Cegonha, ambos publicados pela OFICINA Editores. Integrante do URBANOSEMCASA, Webmaster dos 








 Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Publicou “Turbilhão de Símbolos” (2000) e “Surreal Semelhante” (2003), além do ensaio jornalístico “Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV” (2006). Lança este ano o seu quarto livro, terceiro de poesia, “Faca de Ponta, Fogo de Palha”, pela Oficina.

PONTO DE CRUZ  (in  Faca de Ponta, Fogo de Palha)

choro
a erosão
do tempo
traçado
em ravinas

sei do que é
deserto:
o caminho
do homem

a vida é trama
dedicada à seca

entrelaçam-se 
desmandos
desenganos
desenredos

no horizonte
de esperas
o sertão bordado
de mandacarus

escrevo meu rumo
no ponto de  cruz

Autor: Jorge Ventura





STELLA VIVES,  à gaúcha de Porto Alegre, é poetisa desde tenra idade. Na adolescência, dedicou-se ao teatro na escola e pequenos trabalhos de grupos teatrais  gaúchos. Após fase de faculdade, família e trabalho intenso, retomou a poesia como hobby e hoje dedica-se integralmente.Estudiosa da vida e obra da poeta portuguesa Florbela Espanca, realiza a performance desta em saraus  há mais de seis anos. Apresentou-se ao Consulado  Portugues do RS , I Semana Lusobrasileira em 2009, Saraus no Rio de Janeiro ( Forte de Copacabana, Um Brinde á Poesia, POLEM)  e, em São Paulo, na Casa das Rosas. Atualmente trabalha no projeto de seu primeiro livro solo e prepara o Sarau CASTELÃ DA SAUDADE.






Bayard Tonelli nasceu em Porto Alegre. Além de poeta, é ator e dançarino. Participou da fundação de um dos grupos mais irreverentes e transgressores dos anos 70, os Dzi Croquettes. Começou a escrever quando trabalhava como figurinista na Embaixada de Marte

Gaucho de Porto Alegre, estudante de Arquitetura, estreou no Teatro de Cordel nos anos 70, dirigido por Orlando Senna em São Paulo. Foii um dos fundadores do Grupo Dzi Croquettes, viajando pelo Brasil e Europa por nove anos e montando 3 espetáculos com o grupo. Produziu sete anos de moda em couro vestindo estrelas nacionais e estrangeiras na "Embaixada de Marte", exportando para Paris, Berlim e New York. Reiniciou no teatro em produções com Luis Carlos Ripper, engressando na Fundacen. Atuou em grandes musicais com Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Miguel Falabella, Jorge Fernando, Nei Matogrosso e em diversos espetáculos premiados. No cinema tem aproximadamente 12 filmes entre documentários e ficção, produzidos no Brasil e na Europa. Hoje, além do teatro, trabalha na Funarte, no Programa Arte Sem Barreiras, voltado para o artista deficiente físico.
  O ingresso na Poesia, deu-se quando Carlos Augusto Strazer o apresentou Rumi,
o maior poeta sufi e islâmico do século XIII. Em seguida, Rogério Sganzerla o indica para um espetáculo de Helena Ignes, Cabaré Rimbaud uma temporada no Inferno, no qual levou poesias eróticas de Verlaine, que descobriu numa versão de 1948. Após o espetáculo apresentou as poesias com sucesso em bares e festas e logo começou a fazer Walt Whitman. O Tavinho Paes fez o convite para o Poematrix e os convites não pararam. Assim foi ampliando o repertório com Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Darci Ribeiro, Rimbaud, Tavinho Paes, até começar a apresentar as próprias poesias. Enriquecendo ainda mais o currículo do artista traz também inúmeros eventos de leitura de autores como Ferreira Gullar, Caio Andrade, Cruz e Souza, Olavo Bilac e muitos outros.
O livro Dzi"in'verso foi catalogado pela Biblioteca Nacional. Em Novembro de 2011 recebeu a Ordem ao Mérito Cultural pelo trabalho com os DZI..





Borboletas também sangram 

Borboletas também sangram
Aos suaves talhos de
Ágeis e ásperas plumas
Deslizando ao comando
De artistas celestiais
Na busca cruel e incessante
Da beleza plena
Borboletas também sangram e sofrem
Nos campos de batalhas
Nos lares, escritórios
E ao se verem preteridas
Postas de lado por exuberantes
Lagartas oportunistas
Ao tomarem o centro do jardim
Borboletas também sangram, sofrem e choram...
Mágoas perdidas em desencantos
De dias fúteis
Voam em rotas feridas
No atrito de violentas paixões marginais
E se esvaem em atmosfera densa e poluída
Onde entraram inocentes e desprevenidas
Borboletas também sangram, sofrem, choram e se
desesperam...
A chicotadas de línguas ferinas a tentar
Diminuir seu esplendor e leveza
E desaparecem em lembranças varridas
Ao canto mais escuro do quarto
Embaixo do velho tapete persa
Puído por desinformadas e vorazes traças
Borboletas sangram
Sofrem choram
E se desesperam
Mas nunca cansam de voar...






Noche de carretera – Na estrada

A lo lejos,
De un instante a otro,
por entre la perenne penumbra,
bella nace la bruma de luces multicolores, que el pueblo a la lejanía emana.
Collar de perlas claras sobre un terciopelo negro.
Horizonte vetusto, amalgamado al hondo cielo.
Tapiz eterno del universo circular.
Ilusión, verdad,
Embuste, mentira,
Magia y agonía
¡oh las luces de la ciudad!

En lo alto,
Como dueña de casa,
Matrona del bar de la noche,
La farola lunar refulge amarillenta
Hepatítica, percudida,
Perfecta e inmensa,
Sombreando con su brillo intenso las montañas alejadas,
Que lucen cual gigantes animales dormidos
-oh, que terror-,
Agazapados todos ellos,
 elefantes o tigres que resguardan las gélidas planicies muertas.

Del caudal indómito de brea, soy presa
Del riachuelo de asfalto,
De la cinemática, la velocidad,
-Preso soy de la carretera-
Un espacio cónico es ella,
El exabrupto a la fatídica realidad
Donde todo, en el centro,
halla su inicio y también su final.

Mundo de hielo,
fortaleza de cristal,
jardín de lápidas de mármol,
querubines negros en tus calles revolotean,
cual animales nocturnos,
ciegos e insolentes,
en las paredes se estrellan
las destruyen, las horadan
son verdugos que apresan su realidad.

Hoy sólo añejos boleros cantas,
Que en lerdos torbellinos
al alto y perenne cielo se alzan.
Olvidando así,
Por un instante, la maldición que el olvido trae consigo:
el absurdo de macabras calles discontinuas,
el absurdo de alegóricas esfinges erigidas a para glorias sin sentido,
Falso orgullo de
Monigotes de papel

Mientras ella, la muerte,
 disfrazada de olvido,
Desfilando en sus viejas callejas,
Hace señas de parada militar. 
  

lo alto de su maífico cielo


Mundo de hogueras,
Tierra de fuego,
Cañaverales yertos,

Tronco seco,
Madera sedienta,
Desierto resquebrajado,

Una chispa es el génesis del final
Hecho ciencia y alegoría.

En un desierto sediento,
Una chispa imprudente es también génesis,
Es alfa; pero no omega.

Viento que empuja hasta tu ventana
La curiosa forma una hoguera,
Si de repente a las maderas hace su presa,
con las cortinas teje una llamarada
No dejes, pues, de quemar en ella,
De tus penas el desconsuelo,


Cuando por la puerta una llamarada
Sin permiso cope todo,
Enardeciendo la pericia de tus malos días,
Si la esperanza se enciende 




Hombre de hoy – O homem atual




Cuando lo veas,
Cuando el espejo delate,
Lo que esta primavera ya no oculta,
Cuando en tu cráneo un rayo de luz horade la materia,
Penetrando profundo por entre las ideas,
abriendo paso a los paradigmas de la verdad eterna,
Cuando al fin lo veas!!
No será la foto de la comunión lo que refleje,
No será la pose de graduación,
O el disfraz de carnaval,
No serán las glorias añejas ensopadas en formol,
O el árbol de Tilo del jardín de mamá, no será, no lo será…

Cuando lo veas,
La canción tendrá un último acorde,
Espirará en un suspiro el final del cuento:
La liebre será adicta a las anfetas,
la tortuga un mural llavero en sala de un cazador.

Cuando lo veas,
de inocencia quedará en ti sólo diadema de la abuela
el libro de Demián sobre tu buró
Los simples poemas de amor,
Las esperanzas estúpidas de un anuario escolar



Cuando lo veas,
Comprarás otro espejo para reemplazar el actual,
Comprarás otras luces para iluminar,
Comprarás lentes,
Compraras cremas,
Compraras tinturas,
Compraras doctores,
Comprarás amuletos
Compraras hasta revotar, hasta hallarte sin crédito…
¿Entonces?

Entonces, derrotado al borde de la locura
al fin lo veras que el tipo desconocido que el espejo refleja eres tú,
pero sin serlo realmente,
¡Tú! Engañado por tu anhelo de ser la imagen de una película,
¡Tú! Perdido estereotipo del hombre que tu padre nunca llegó a ser
¡Tú! Incrédulo, impaciente, necio, la imagen del espejo eres tú
Y esos ojos rojos que tienes no pueden más llorar,
Esos pulmones tuyos no te dejan respirar,
Esas sangre espesa y grasosa por tu corazón no transita…
Y no habrá nada por hacer, porque eres él:
¡el Hombre de hoy!



Debora Moreno - cresceu lendo os livros de Daniel Azulay. Hoje poeta, declamadora e escritora. Está escrevendo o décimo nono livro de poesias. Em 2010 lançou "Sapatos do tempo", em 2011 lançou "Homem de areia" e a exposição de fotos "Progresso fotografado" e no dia 02 junho de 2012 lançou "Arte da imaginação".


Pássaro Fugaz

Protagonizou marcas dentro de mim,
Um ator,
Faz o seu papel,
Fugaz,
Aventureiro,
Herói no labirinto da esperança,
Apenas um ator de promessas vãs,
De beijos enlaçados pela ilusão.
Apenas um ator,
Minha luz,
Meu amor.
Às vezes parecer morrer,
É quase esquecido,
Quase liberto.
Então percebo que apenas adormece.
De repente acorda... Renasce das cinzas,
Forte,
Livre para mais uma vez acorrentar-me em suas grades,
Desperta,
Voa livre,
Tento te ver,
Pergunto-me onde?
Onde estás agora?
Olho dentro de mim e vejo um guerreiro cansado de tanto lutar,
Chamando pelo meu nome,
Tento te tocar, mas você, simplesmente some.







Teresa Mello  - nasceu em Nova Friburgo, é psicóloga e mora há muitos anos em Niterói. Desde criança se encantava com os caminhos da arte, seja pela música ou pela literatura. Criada num ambiente de muita cultura musical se iniciou no violão na adolescência e compôs canções que foram premiadas em alguns festivais no Estado do Rio de Janeiro. Embora seus textos tenham ficado engavetados por algum tempo nunca deixou de produzir. Foi premiada no I Concurso Municipal de Contos tendo publicado seu conto: A cartomante & a carta amante. Participou de grupo de poesias e do grupo Amandaba da atriz Bete Araújo. Fez vários cursos livres de teatro na CAL e, atualmente participa das oficinas de poesia falada na Casa Poema dirigida por Elisa Lucinda. 

    MIX DE SER 


Mistura de cores,
 ensaios, intenções...
Assim tem sido
Meus passos
Intensos, vazios, descarados,
Mascarados, ousados...
Assim tem sido meu olhar
Focado, cego, nebuloso, claro...
Assim tem sido meu ouvido
Surdo, atento, refinado...
Assim tem sido minha voz
Segura, rouca, muda, gritante...
Assim tem sido meu mundo
Dramático, fantástico, rotineiro,
Real, irreal...
Assim tenho sido eu
Louca, lúcida, válida, inválida,
Sendo, não sendo, sendo, estando,
Indo, vindo, indo, vindo, indo...


Zelo


Todos os dias
inspeciono os cantos
de mim
e tento limpar a poeira
Passo vassourinhas,
paninhos...
Depois dou um brilho de flanela.
Há dias em
que tenho que usar
aspirador de mágoas
que nem sempre funciona.
Entope, enguiça...
Fico tão cansada
e suada nesses momentos
Minha força se esvai
em lágrimas embaçadas
Meu corpo se ressente
e cai doente,
sinto dores imensas
Todo dia eu limpo
Sou faxineira fiel
de mim
Arrasto móveis
arrumo gavetas, desentulho outras
Hoje resolvi descansar
Hoje não limpo,
não lavo,
não aspiro...
Hoje passei na florista
encomendei uma bela
cesta de flores do campo
e mandei entregar ao universo...
A partir de hoje
não limpo, não lavo,
não faço absolutamente nada
que não seja mandar flores...






Wanda Monteiro, escritora e poeta é uma amazônida, nascida às margens do Rio Amazonas no coração da Amazônia, no Estado do Pará.. A escritora herdou sua devoção pelas artes e pela literatura de seu pai, o romancista Benedicto Monteiro e como foi criada circundada de livros, desde menina cultivou o hábito pela leitura e pelo exercício da escrita. Wanda Monteiro embora tenha militado por vários anos na advocacia como Membro da Ordem dos Advogados do Brasil, nunca se afastou de sua vocação e exerceu a atividade revisora e de produtora editorial durante muitos anos. Aprofundou seus estudos cursando Linguagem e Pensamento – área de Filosofia – na Universidade Veiga de Almeida e fez especialização em Análise de Políticas Públicas na UFRJ. A poeta, que ainda jovem, publicou seu primeiro livro Memória de Afeto com selo independente, participou de vários projetos editoriais de pesquisa histórica realizados no Estado do Pará e publicou seus textos literários em revistas, blogs e sites. Nos últimos anos tem se dedicado exclusivamente à arte literária, tendo publicado, pela Editora Amazônia, os livros O Beijo da Chuva e ANVERSO, lançados em Belém do Pará 
Wanda Monteiro, que realiza performances poéticas em vários grupos de poetas e espaços culturais em Niterói e Belém do Pará, é participante do Proyecto Sur Brasil com a publicação de vários poemas nos volumes IX, XI e XIII, lançados no Congresso Brasileiro de Poesia no Rio Grande do Sul. Atualmente dedica-se ao projeto literário de seu próximo livro de contos A Filha do Rio e ao espetáculo lítero-cênico-musical o monólogo Na Pele do Sonho.
as e espaços culturais em Niterói e Belém do Pará, é participante do Proyecto Sur Brasil com a publicação de vários poemas nos volumes IX, XI e XIII, lançados no Congresso Brasileiro de Poesia no Rio Grande do Sul. Atualmente dedica-se ao projeto literário de seu próximo livro de contos A Filha do Rio e ao espetáculo lítero-cênico-musical o monólogo Na Pele do Sonho.

o    NAUFRÁGIO - O Beijo da Chuva - Ed Amazônia

Meu desejo de ti
Submerge

Tudo é sede e fome
Dentes trincados
Por fruto proibido

Tudo é palavra
Calada nos lábios
Abafada
Voz abortada no ventre

Tudo é grito
Do que não disseram os gestos
Os olhares ausentes
Os gestos extintos

Tudo é dor
Que sangra no fio da carne
Ávida do beijo
Estancado na boca

Tudo é som
Desmedido pulsar
Sonora matéria que infere e fere
Um coração que chove água e sal

Tudo é Abismo
Dor escavada no peito
Coberta com migalhas de afeto
Misericordioso respeito

Tudo é segredo
Desvelado
Descortinado
Revelado
Tudo é Naufrágio

Mergulho cego
Fúria de marés
Embriaguez turva de quase amor

Meu desejo de Ti
É Naufrágio.


o    INSONIA - ANVERSO - Ed Amazônia

A calma se esvai pelas horas
As horas crescem no escuro
A sofreguidão das pálpebras
Que se fecham e se abrem
O cansaço dos músculos que não conseguem repousar

Os demônios acordam assombrando o silêncio
O instinto aflorado de erguer e soerguer a fé
A oração dita e redita como mantra
O abrir a janela e a cuíra de olhar para o céu
E a busca de respostas nas estrelas

A Lua me espreita
Assim como Eu
Insone!

O desejo do sonho se contorce na insônia

Como posso dormir se a noite sempre me encharca de dúvidas.

> Embriaguez turva de quase amor

Meu desejo de Ti
É Naufrágio.






Beatriz Provasi - é performer, poeta e atriz. Cursou graduação em Cinema na UFF, e em Artes Cênicas na UNIRIO. Faz Mestrado em Artes Visuais na UFRJ. Integra o grupo de poetas Madame Kaos, com Juliana Hollanda e Marcela Giannini; e participa do movimento Corujão da Poesia, do CEP 20.000, entre outros. Autora dos livros "Inventos raios e trovões" (2008) e "Esfinge" (2010), e do blogwww.numanoitequalquer.blogspot.com. Desde 2005, realiza apresentações de poesia falada e performances em espaços culturais, boates, bares e restaurantes, instituições de ensino, prisionais e hospitalares, eventos literários e musicais, tais como Espaço Cultural Sérgio Porto, SESC, Teatro Rival, Livraria da Travessa, Bar Conversa Fiada, Boate 00, Escolas da Rede Santa Mônica, 52ª DP, CAPS Clarice Lispector, FLIP, FLIPORTO, Rock in Rio, etc. Já se apresentou com músicos e poetas como Arnaldo Brandão, Tavinho Paes, Chacal, Fausto Fawcett, entre outros. Realizou performances em eventos da Aliança Francesa entre 2009 e 2011, no Sofitel Copacabana. Em 2010, realizou trabalhos de teatro-performance em espaços públicos e pesquisa em Processos Coletivos de Criação Teatral, com o grupo Teatro de Operações. Também já atuou como produtora cultural na UFF, e em eventos de poesia e música. Desde 2009, desenvolve pesquisa artística em performances que evidenciam a presença do corpo do poeta na criação com as palavras. Em 2012, se prepara para lançar seu terceiro livro, "Todos esses cães latindo no peito".
POEMAS:

Essa mania de lamber feridas

como um bom fixador
num perfume barato
hábitos ácidos

regular a frequência da solidão
com a medida do silêncio
engolir as mesmas doses dos mesmos venenos

os monstros embaixo da minha cama
ainda são os mesmos
ainda o mesmo assombro
os mesmos olhos arregalados de criança

sempre bebo o mesmo sal das mesmas lágrimas
ainda converso, sempre, com os meus fantasmas
ainda cuido, como passarinhos assustados, 
dos mesmos anjos de asas quebradas

ainda aqueles demônios
saltando na minha cabeça
antes do sono

ainda não tenho asas
não tenho sono
não tenho nada

e como um estranho gato
essa mania de lamber feridas
com pequenas navalhas na ponta da língua

Todos esses cães latindo no peito

alguns sorrisos ignoram os pântanos
toda felicidade enfia os pés na lama
a alegria pode ser suave
doce e cor-de-rosa
é muito bom ter em cortar cebolas
a única razão pra chorar - falei isso 
enquanto ela enchia as cebolas de sorrisos
e era muito bonito.
há coisas leves e mansas
tem uma calma aí
e é muito bom isso, muito bom, eu disse.
felicidade não;
é outra coisa:
a felicidade enfia os pés na lama e goza
a felicidade é feroz
quando ela te pega e te beija na boca
é aquele beijo de tirar o fôlego
a terra treme e o mundo vai desabar
mas a gente não tá nem aí, que desabe! 
é por alguns segundos disso que todo o inferno vale.
toda a fúria do mundo concentrada num beijo

e todos esses cães latindo no peito...

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