Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um Brinde à Poesia Nit. Outubro






UM BRINDE À POESIA
Movimento pela paz e liberdade de ser - 14 Anos
9 de Outubro de 2013, das 18:30 às 22 horas
ENTRADA 1 quilo de alimento não perecível para o Abrigo Adonai

           Toda segunda quarta-feira do mês é dia celebrar a vida com poesia. 
Lucília Dowslley apresenta edição especial celebrando o Centenário de Vinícius de Moraes.
  Na programação, o lançamento do livro "Poemas Mortos", do poeta Diogo Aguiar, a presença do poeta Nelson Marzullo Tangerini, do músico e cantor Alexandre Pontes celebrando o centenário de Vinícius de Moraes e do grupo “2” Mari Blue (voz) e Federico Puppi (violoncelo). Tem o Momento D’versos quando o público se apresenta. É só levar um poema ou uma música e participar do microfone aberto. 

   

ENTRADA: um brinquedo (ou cinco a dez reais) para Festa da Criança no Abrigo Adonai

MAC Niterói
(auditório)
Mirante de Boa Viagem, Niterói
Telefone: 2620-2400




CELEBRANDO CENTENÁRIO





Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Rio de Janeiro RJ 1913 - idem 1980). Poeta, compositor de música popular, cronista e crítico de cinema. Pertencente a uma família de intelectuais, com formação católica. Faz no colégio jesuíta Santo Inácio o curso secundário e participa do coro nas missas de domingo. Os estudos musicais lhe rendem, em 1928, o primeiro sucesso, com composição realizada em parceria dos amigos Paulo e Haroldo Tapajós. Ingressa na faculdade de direito e adere ao grupo católico formado pelo escritor Otávio de Faria, o pensador San Thiago Dantas e o jurista Américo Jacobina Lacombe, entre outros. Conclui o curso em 1933, ano em que lança o primeiro livro, Forma e Exegese. Estuda língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford, Inglaterra, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando, de volta ao Brasil, escreve regularmente crítica de cinema para jornais e revistas. A partir de 1943, ingressa na carreira diplomática e presta serviços consulares em diversos países, até 1968, quando em virtude de oposições à ditadura militar é exonerado do cargo. A década de 1950 marca o início de sua dedicação à música popular, da composição de seus primeiros sambas e de sua participação na criação da bossa nova, ao lado de Antônio Carlos Jobim (1927 - 1994), com o lançamento do disco Canção do Amor Demais, em 1958, interpretado por Elizeth Cardoso. A lírica de Vinicius torna-se mundialmente conhecida, em 1959, quando o filme Orfeu Negro, uma adaptação de sua peça Orfeu da Conceição, realizada pelo diretor francês Marcel Camus, é premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e recebe o Oscar de melhor filme estrangeiro. Os últimos anos do poeta são dedicados principalmente à música, período que ele vive entre turnês nacionais e internacionais, acompanhado de Toquinho (1946), seu parceiro mais constante.










"Não ando só! Só ando em boa companhia! 
Com meu violão, minha canção e a poesia!"
- em Livro de letras.


CRONOLOGIA DA VIDA E DA OBRA DE VINICIUS DE MORAES
Vinicius de Moraes
1913 - Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro , no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. São seus pais d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.
1916 - A família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, nº 192, em Botafogo, passando a residir com os avós paternos, d. Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.
1917 - Nova mudança para a rua da Passagem, nº 100, ainda em Botafogo, onde nasce seu irmão Helius. Vinicius e sua irmã Lygia entram para a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.
1919 - Transfere-se para a rua 19 de fevereiro, nº 127.
1920 - Mudança para a rua Real Grandeza, nº130. Primeiras namoradas na escola Afrânio Peixoto. È batizado na maçonaria, por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causaria grande impressão.
1922 - Última residência em Botafogo, na rua Voluntários da Pátria, nº 195. Impressão de deslumbramento com a exposição do Centenário da Independência do Brasil e de curiosidade com o levante do Forte de Copacabana, devido a uma bomba que explodiu perto de sua casa. Sua família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, nº 109-A, onde o poeta passa suas férias.
1923 - Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria.
1924 - Inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente.
Começa a cantar no coro do colégio, durante a missa de domingo. Liga-se de grande amizade a seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este, sobrinho de Raul Pompéia, com os quais escreve o "épico" escolar, em dez cantos, de inspiração camoniana: os acadêmicos.
A partir daí participa sempre das festividades escolares de encerramento do ano letivo, seja cantando, seja atuando nas peças infantis.
1927 - Conhece e torna-se amigos dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajoz, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do Colégio Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casa de famílias conhecidas.
1928 - Compõe, com os irmãos Tapajoz, "Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande sucesso popular.
Por essa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.
1929 - Bacharela-se em Letras, no Santo Inácio. Sua família muda-se da Ilha do Governador para a casa contígua àquela onde nasceu, na rua Lopes Quintas, também já demolida.
1930 - Entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), onde se liga de amizade a Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.
1931 - Entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).
1933 - Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial de Reserva.
Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, O caminho para a distância, na Schimidt Editora.
1935 - Publica Forma e exegese, com o qual ganha o prêmio Felipe d'Oliveira.
1936 - Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher".
Substitui Prudente de Morais Neto, como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica.
Conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.
1938 - Publica novos poemas e é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford (Magdalen College), para onde parte em agosto do mesmo ano.
Funciona como assistente do programa brasileiro da BBC.
Conhece, em casa de Augusto Frederico Schimidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se torna um dos maiores amigos.
1939 - Casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello.
Regressa da Inglaterra em fins do mesmo ano, devido à eclosão da II Grande Guerra. Em Lisboa encontra seu amigo Oswald de Andrade com quem viaja para o Brasil.
1940 - Nasce sua primeira filha, Susana.
Passa longa temporada em São Paulo, onde se liga de amizade com Mário de Andrade.
1941 - Começa a fazer jornalismo em A Manhã, como crítico cinematográfico e a colaborar no Suplemento Literário ao lado de Rineiro Couto, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo.
1942 - Inicia seu debate sobre cinema silencioso e cinema sonoro, a favor do primeiro, com Ribeiro Couto, e em seguida com a maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti.
Nasce seu filho Pedro.
A convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros a Belo Horizonte, onde se liga de amizade com Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Hélio Pelegrino e Paulo Mendes Campos.
Inicia, com seus amigos Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, a roda literária do Café Vermelhinho, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira, Bruno Giorgi.
Freqüenta, nessa época, as domingueiras em casa de Aníbal Machado.
Conhece e se torna amigo da escritora Argentina Maria Rosa Oliver, através da qual conhece Gabriela Mistral.
Faz uma extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.
1943 - Publica suas Cinco elegias, em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria.
Ingressa, por concurso, na carreira diplomática.
1944 - Dirige o Suplemento Literário de O Jornal, onde lança, entre outros, Oscar Niemeyer, Pedro Nava, Marcelo Garcia, francisco de Sá Pires, Carlos Leão e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Carlos Scliar, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Eros (Martim) Gonçalves, Arpad Czenes e Maria Helena Vieira da Silva.
1945 - Colabora em vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema.
Faz amizade com o poeta Pablo Neruda.
Sofre um grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro Leonel de Marnier, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacir Werneck de Castro.
Faz crônicas diárias para o jornal Diretrizes.
1946 - Parte para Los Angeles, como vice-cônsul, em seu primeiro posto diplomático. Ali permanece por cinco anos sem voltar ao Brasil.
Publica em edição de luxo, ilustrada por Carlos Leão, seu livro, Poemas, sonetos e baladas.
1947 - Em Los angeles, estuda cinema com Orson Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film.
1949 - João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa mensal, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu poema "Pátria minha".
1950 - Viagem ao México para visitar seu amigo Pablo Neruda, gravemente enfermo. Ali conhece o pintor David Siqueiros e reencontra seu grande amigo, o pintor Di Cavalcanti.
Morre seu pai.
Retorno ao brasil.
1951 - Casa-se pela segunda vez com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli.
Começa a colaborar no jornal Última Hora, a convite de Samuel Wainer, como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.
1952 - Visita, fotografa e filma, com seus primos, Humberto e José Francheschi, as cidades mineiras que compõe o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor que lhe fora encomendado pelo diretor Alberto Cavalcanti.
É nomeado delegado junto ao festival de Punta Del Leste, fazendo paralelamente sua cobertura para o Última Hora. Parte logo depois para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização dos Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade.
Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas Cinco elegias.
1953 - Nasce sua filha Georgiana.
Colabora no tablóide semanário Flan, de Última Hora, sob direção de Joel Silveira.
Aparece a edição francesa das Cinq élégies, em edição de Pierre Seghers.
Liga-se de amizade com o poéta cubano Nicolás Guillén.
Compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tú passas por mim".
Faz crônicas diárias para o jornal A Vanguarda, a convite de Joel Silveira.
Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada.
1954 - Sai a primeira edição de sua Antologia Poética. A revista Anhembi publica sua peça Orfeu da Conceição, premiada no concurso de teatro do IV Centenário do Estado de São Paulo.
1955 - Compõe em Paris uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme Orfeu Negro. No fim do ano vem com ele ao Brasil, por uma curta estada, para conseguir financiamento para a produção da película, o que não consegue, regressando em fins de dezembro a Paris.
1956 - Volta ao Brasil em gozo de licença-prêmio.
Nasce sua terceira filha, Luciana.
Colabora no quinzenário Para Todos a convite de seu amigo Jorge amado, em cujo primeiro número publica o poema "O operário em construção".
Paralelamente aos trabalhos da produção do filme Orfeu Negro, tem o ensejo de encenar sua peça Orfeu da Conceição, no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar.
Convida Antônio Carlos Jobim para fazer a música do espetáculo, iniciando com ele a parceria que, logo depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova.
Retorna ao poste, em Paris, no fim do ano.
1957 - É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No fim do ano é removido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.
Publica a primeira edição de seu Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal.
1958 - Sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP Canção do Amor Demais, de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas faixas, entre as quais o samba “Chega de Saudade”, considerado o marco inicial do movimento.
1959 - Sai o Lp Por Toda Minha Vida, de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno.
O filme Orfeu negro ganha a Palme d'Or do Festival de Cannes e o Oscar, de Hollywood, como melhor filme estrangeiro do ano.
Aparece o seu livro Novos poemas II.
Sua filha Susana, casa.
1960 - Retorna à Secretria do Estado das Relações Exteriores.
Em novembro, nasce seu neto, Paulo.
Sai a segunda edição de sua Antologia Poética, pela Editora de Autor; a edição popular da peça Orfeu da Conceição, pela livraria São José e Recette de Femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff, em edição Seghers, na coleção Autour du Monde.
Vinicius de Moraes, no Centro Cultural da UNE, Rio - 1962.
(Foto: acervo Última Horas-Folhapress).
1961 - Começa a compor com Carlos Lira e Pixinguinha.
Aparece Orfeu Negro, em tradução italiana de P.A. Jannini, pela Nuova Academia Editrice, de Milão.
1962 - Começa a compor com Baden Powell, dando inicio à série de afro-sambas, entre os quais, "Berimbau" e "Canto de Ossanha".
Compõe, com música de Carlos Lyra, as canções de sua comédia-musicada Pobre menina rica.
Em agosto, faz seu primeiroshow, de larga repercussão, comAntônio Carlos Jobim e João Gilbert,na boate AuBom Gourmet, que daria início aos chamados pocket-shows, e onde foram lançados pela primeira vez grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e o "Samba da bênção"
Show com Carlos Lyra,na mesma boate, para apresentar Pobre menina rica e onde é lançada a cantora Nara Leão.
Compõe com Ari Barroso as últimas canções do grande compositor popular, entre as quais "Rancho das namoradas".
Aparece a primeira edição de Para viver um grande amor, pela Editora do Autor, livro de crônicas e poemas.
Grava, como cantor, seu disco com a atriz e cantora Odete Lara.
1963 - Começa a compor com Edu Lobo.
Casa-se com Nelita Abreu Rocha e parte em posto para Paris, na delegação do Brasil junto a UNESCO.
1964 - Regressa de Paris e colabora com crônicas semanais para a revista Fatos e Fotos, assinando paralelamente crônicas sobre música popular para o Diário Carioca.
Começa a compor com Francis Hime.
Faz show de grande sucesso com o compositor e cantor Dorival Caymmi, na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em Cy. Do show é feito um LP.
1965 - Sai Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura.
Ganha o primeiro e o segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell.
Parte para Paris e St.Maxime para escrever o roteiro do filme Arrastão, indispondo-se, subseqüentemente, com seu diretor, e retirando suas músicas do filme. De Paris voa para Los Angeles a fim de encontrar-se com seu parceiro Antônio Carlos Jobim.
Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, nº20.
Começa a trabalhar com o diretor Leon Hirszman, do Cinema Novo, no roteiro do filme Garota de Ipanema.
Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.
Vinicius de Moraes
1966 - São feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa, sendo que os dois últimos realizados pelos diretores Gianni Amico e Pierre Kast.
Aparece seu livro de crônicas Para uma menina com uma flor pela Editora do Autor.
Seu "Samba da bênção", de parceria com Baden Powell, é incluída, em versão de compositor e ator Pierre Barouh, no filme Un homme… une femme, vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano.
Participa do júri do mesmo festival.
1967 - Aparecem, pela Editora Sabiá, a 6ª edição de sua Antologia poética e a 2ª do seu Livro de sonetos (aumentada).
É posto à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto, cidade à qual faz freqüentes viagens.
Faz parte do jurí do Festival de Música Jovem, na Bahia.
Estréia do filme Garota de Ipanema.
1968 - Falece sua mãe no dia 25 de fevereiro.
Aparece a primeira edição de sua Obra poética, pela Companhia José Aguilar Editora.
Poemas traduzidos para o italiano por Ungaretti.
1969 - É exonerado do Itamaraty.
Casa-se com Cristina Gurjão.
1970 - Casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy.
Nasce Maria, sua quarta filha.
Início da parceria com Toquinho.
1971 - Muda-se para a Bahia.
Viagem para Itália.
1972 - Retorna à Itália com Toquinho onde gravam o LP Per vivere un grande amore.
1973 - Publica "A Pablo Neruda".
1974 - Trabalha no roteiro, não concretizado, do filme Polichinelo.
1975 - Excursiona pela Europa. Grava, com Toquinho, dois discos na Itália.
1976 - Escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo.
Casa-se com Marta Rodrihues Santamaria.
1977 - Grava um LP em Paris, com Toquinho.
Show com Tom, Toquinho e Miúcha, no Canecão.
1978 - Excursiona pela Europa com Toquinho.
Casa-se com Gilda de Queirós Mattoso, que conhecera em Paris.
1979 - Leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, a convite do líder sindical Luís Inácio da Silva.
Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
1980 - É operado a 17 de abril, para a instalação de um dreno cerebral.
Morre, na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.
Extraviam-se os originais de seu livro O dever e o haver.






















Lucília DowslleyPoeta, jornalista, fotógrafa e atriz, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro. Lançou em 11 de junho de 1999, o Um Brinde à Poesia Movimento pela Paz e Liberdade de Ser, inspirado em sonho, que mensalmente promove no MAC Niterói e no Museu da República. Se apresentou no Paraguai, Nova York e Nova Jersey. Publicou dois livros: Um Brinde à Poesia (2004) e Carmim (2012). Ministra Oficinas de Interpretação e Criação de Textos. Viver poesia, falar a poesia, ser poesia. Assim têm sido os seus dias, militante das artes, a mais de 20 anos. Acredita na arte como instrumento de autoconhecimento e de conscientização para transformação da humanidade e numa vida de qualidade, celebração e paz. Seja no teatro, na fotografia, na música ou literatura, este é o seu grande desafio, o seu objetivo maior e a sua luz.





Diogo Aguiar - Desde muito jovem sempre apresentou grande interesse sobre Literaturas Poéticas, principalmente as Românticas e Ultra-Românticas utilizando sempre a poesia como uma forma de tentar expressar tudo o que pensava e sentia. Afim de gravar momentos e recordações, sempre que havia alguma oportunidade de recitar algum poema lá estava ele, E com isso sempre participava de encontros poéticos e literários.
Seus escritores favoritos são : Álvares de Azevedo, Lord Byron e Edgar Allan Poe. Tais influências podem ser percebidas claramente em seus textos poéticos. Pode-se dizer que a "marca" do autor seriam seus poemas românticos, sombrios, tristes e muitas vezes mórbidos. Tais poemas seguem um padrão de identidade única do autor.
Atualmente, o autor possui outros projetos poéticos além do livro, que são: O blog pessoal chamado "Amissus Poems" onde semanalmente são postados três poemas inéditos com temas variados, e a participação em um blog literário de Portugal chamado "Tubo de Ensaio".




O livro "Poemas Mortos" é uma jornada de sentimentos narrada através de poemas. O autor faz uma viagem poética pelos textos de cada capítulo expondo como os sentimentos podem assumir faces tão alegres e belas, tristes e noturnas e mórbidas e sombrias.
 O livro possui três capítulos: O Dia, A Noite e As Trevas. Como o próprio título de cada capítulo sugere, os sentimentos expressos nos poemas vão desde românticos, tristes até mórbidos. Tal degradê de sentimentos é expresso em poemas cronológicos que tornam a obra poética única.
O livro "Poemas Mortos" consegue incorporar em uma única obra poemas que agradam desde o leitor romântico até o leitor taciturno. Além do mesmo possuir uma identidade visual muito marcante em todas as páginas da obra.
O livro "Poemas Mortos" é uma obra indispensável para todos os amantes de poesia, sejam eles somente leitores apreciadores ou poetas.



 O DIA

Saudações a ti sejam dadas

Pequena criança de olhos azuis

Que com tua clareza te refletes sobre as águas

Mostrando o caminho, e assim me conduz



És pura e inviolada

És virgem a cada dia

És a minha prometida tão sonhada

És minha doce melodia



Graciosa com teu manto branco

Caminha pelo meu jardim

Tocando todas as flores: rosa, camélia e jasmim



E sentado em meu banco

Observo-te partir no monte...

Para que amanhã retornes em meu horizonte





A NOITE


Branda noite, que me aquece em teu refúgio.

E me adormece em lençóis escuros, cujo sândalo perfumou.

És linda e fúnebre sem qualquer subterfúgio

És a dama-de-negro que um dia meu coração amou



Branda noite, que corre em sangue e vive em minh’alma.

És tu que me faz acordar, és tu que fazes meu coração bater.

Teu sereno me refugia, me acalenta, me acalma...

Oh! Noite não vá! És tu que me faz viver!



Sei que tens de ir embora...

P’ra que outrora o dia possa aparecer

Mas tu bem sabes que não és tua hora



Agora é a hora de o dia nascer...

Mas espere, antes que vá embora.

Volte, pois quero sonhar, amar e voltar a viver!






AS TREVAS


Meu coração é negro...

Minh’alma é turva...

Minhas palavras a devaneio

Percorrem todas as tumbas



Caminham entre árvores secas

Arrastam-se pelo terreno lodoso

Quem sabe tu estejas

Por este cenário tenebroso ?



A lua no seu auge, clareia...

Ouço o tom da agonia...

Algo canta...Canção da tristeza alheia

Para mim, perfeita sinfonia



Pelo vale das trevas vou caminhando...

Espíritos me perseguem...Não há volta

Não adianta para trás ficar olhando...

Este é o meu lugar...Aqui estou...Estou de volta...




AMAR



Ah! Esse sentimento...

Que se aloja aqui dentro

Pensamentos, sonhos, alegrias...

Logo eu? Quem diria...



Tal coisa que envolve meu ser

Percorre minh’alma

És tu, meu querer



Percorre o vento, as matas

Embrenha-se entre inúmeras pessoas

E se ergue até as estrelas mais altas



Nem mesmo o mais perfeito instrumento soa

O palpitar alegre que de meu coração ecoa

Nem mesmo o sopro divino pode explicar

O que abrange vastamente a palavra Amar...




ASSIM VIVE O POETA


É tão grande e imensurável

Tal coisa presa ao meu peito

Quase me rendendo eu me deito

As lágrimas correm, pois isto é inevitável.



Meu semblante triste e ao deleito

Como alguém que chegara de um funeral

E o causador deste, ainda preso ao meu peito

Lembro-me que não será p’ra sempre, pois sou mortal!



Até quando viverei tal dor de mortal?

Não sei...nem mesmo sei quando é real ou irreal.

Talvez vá agora ou espere um vendaval



Eu amei. Amei...Amei...

Vivi os dois lados da mesma moeda

Sofri, cantei e chorei, pois assim vive o Poeta!









NELSON  [MARZULLO] TANGERINI
nmtangerini@yahoo.com.br
         
          Jornalista [membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa], professor de Português e Literatura, poeta, escitor, fotógrafo e compositor, Nelson Tangerini [pseudônimo Nelson Marzullo Tangerini - em homenagem à sua avó Antônia Marzullo, atriz, e a seu tio Maurício Marzullo, advogado e poeta], nasceu a 21 de maio de l955, no Rio de Janeiro, quando a Cidade  Maravilhosa era Capital Federal.
          Em l98l, publicou  Paulicea (Ainda) Desvairada - Uma declaração de amor a São Paulo e a sua gente  - poesias  -  Produção Independente ,  partici-pou do jornal literário  Reunião de Cópula e conheceu, no Rio, o poeta português Alexandre O´Neill.
          Em l983, esteve em Juiz de Fora, MG, no I Encontro de Escritores. Desse encontro, participaram os poetas Affonso Romano de Sant´Anna, Suzana Vargas, Síntia Helena Paholsky, entre outros.
          Durante a década de 80, manteve correspondência com Carlos Drummond de Andrade, que o apresentou  ao caricaturista e colecionador de caricaturas Álvarus [Álvaro Cotrim], que se interessou pelas caricaturas cubistas de seu pai.
          Nos dias  27 e 28  de agosto de 1988, representou Affonso, autor do texto “Projetos para um dia de amor”, na Universidade Federal de Viçosa e hospedou-se num quarto onde já haviam se hospedado antes Naum Alves de Souza e  Adélia Prado.
          Participou, em 1990, do livro Reencontro com Cruz e Sousa da Editora Papa-Livro, SC, ao lado de Uelinton Farias Alves, Affonso, Austregésilo de Athayde, família Cruz e Sousa  e  Henrique L. Alves, entre outros.
          Foi membro da  Anistia Internacional  e da ONG inglesa  Survival International,  que defende os povos da floresta em todo o mundo.
          Conheceu,   em 1991, no Rio, o ativista Nelson Mandela, que viria a ser presidente da África do Sul.
          Publicou, em 1996, pela Achiamé Edições, o livro de poesias Cidadão do Mundo, baseado em sua experiência como membro da Anistia Internacional..
          Em l997, pela Achiamé Edições, publicou o livro Dona Felicidade,  de seu pai,  Nestor Tangerini.
          Ainda em 1997, conheceu, na noite de 19/09, no Instituto Metodista Bennett, o Prêmio Nobel da Paz de 1996, Dr. José Ramos-Horta, um dos líderes da resistência de Timor-Leste.
          Passando por São João Del Rei, Minas Gerais, no dia 28/01/1998, conheceu o pintor sanjoanense Wangui (Wanderley Mário Guilherme), de quem é grande amigo.
          No dia l9 de março de l998, após realizar duas palestras sobre  o  Centenário  da Morte de  Cruz e Sousa,  em Antônio Carlos,  MG,  recebeu, das mãos do  vice-prefeito da cidade,  Sr.  Eduardo Paulo Vilanova, uma placa comemorativa ao Centenário de morte do poeta negro.
          Filho  de   Nestor Tangerini  e  Dinah Marzullo Tangerini,  ex-atriz  de  teatro [trabalhou na companhia Alda Garrido ao lado mãe e da irmã, Dinorah Marzullo]  e neto  da atriz  Antônia Marzullo [avó matenra] e de Vittorio Tangerini [avô paterno], Engenheiro Florestal, reformador e ex-cantor de ópera, Nelson Marzullo Tangerini  cuida, atualmente, da memória de sua família: Marzullo-Tangerini.
          No dia 19 de abril de 1999, conheceu e fotografou  o escritor português José Saramago,  Prêmio Nobel de Literatura de 1998,  a quem ofereceu  o livro  REENCONTRO COM CRUZ E SOUSA. 
          Em 20 de abril,  tornou a fotografar  José Saramago  na  IX Bienal Internacional do Livro, no Riocentro.  Nesse dia,  também fotografou  o escritor português  Augusto Abelaira, autor de Bolor,  a Professora Cleonice Berardinelli e a atriz Zezé Polessa.
          Em 25 de abril de 1999, o escritor Eduardo Bueno na IX Bienal Internacional do livro,  no Riocentro.
          Nesse mesmo ano, 1999,  participou, como colaborador, do livro  VISSI D´ARTE , 50 ANOS VIVIDOS  PARA   A  ARTE,  de  sua prima  Marília Pêra  &  Flávio de Souza,  da   Editora Escrituras.  Para  o refeirdo livro,cedeu fotos e documentos da sua família (Marzullo, Tangerini).
          No ano 2000,  registrou, na Biblioteca Nacional,  o livro  PERFIL  QUASE  PERDIDO  -  UMA  BIOGRAFIA  PARA  NESTOR TANGERINI,  sobre  a  vida e  a obra  de  seu pai,  jornalista,  escritor,   teatrólogo,  poeta,  caricaturista -  de estilo cubista - e compositor.
          No dia 25 de maio de 2001, às 16.30 h, leu poemas seus,  de seu pai  [Nestor Tangerini],  Cruz e Sousa  e António Nobre, no stand  da  Secretaria Estadual de Educação, na  X Bienal Internacional do Livro, no Riocentro, no Rio de Janeiro.
          De 22 de abril a 22 de maio de 2002 esteve em Portugal acompanhando o escritor e historiador do movimento operário Edgar Rodrigues.
       Nesse mesmo ano, sua música Energia Azul, de parceria com Adalberto Barboza, foi gravada pela banda Suburblues.
        No dia 17/05/2003, na XI Bienal do Livro, no Rio, conheceu e fotografou o escritor indiano Salman Rushdie, que autografou, para NT, o livro Fúria.
        No dia 14/1/2004, foi inaugurada, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, RJ, a Sala de Gravações 2 Nelson Tangerini, do Estúdio RM2, de Maurício Silveira [Suburblues}.
        No dia 24 de agosto de 2007, Nelson Tangerini, que adotou o nome de Nelson Marzullo Tangerini, em homenagem à atriz Antônia Marzullo, sua avó materna, tomou posse no Clube dos Escritores Piracicaba, onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.
        Em 2009, participa [com textos literários] da reedição do livro VIDA APERTADA, Sonetos de Luiz Leitão, poeta niteroiense. O livro, da Editora Nitpress, foi relançado na Bienal do Livro, no Rio Centro.
        Em 20 de agosto de 2010, Nelson Tangerini tomou posse na Academia de Letras do Brasil [Cadeira no. 006/ALB/RJ-RIO DE JANEIRO, na condição de Membro Vitalício.
        Em 26 de novembro de 2010, na Cidade de Piracicaba, Est. de São Paulo, Nelson Marzullo Tangerini recebeu  diploma Colar do Mérito Literário “Haldumont Nobre Ferraz”, “pelo muito que realizou dentro da Cultura e da Literatura”.
        Neste mesmo ano [2010], lança o livro de crônicas NESTOR TANGERINI E O CAFÉ PARIS, pela Editora Nitpress, Niterói, RJ. Este trabalho foi lançado na Primavera dos Livros no dia 24 de outubro de 2010, das 10 às 12 horas, no Museu da República – Palácio do Catete (Rua do Catete, 153, Rio).
        Em 2011, Nelson Tangerini tornou-se membro da UBE, União Brasileira de Escritores: www.ube.org.br, autografou o livro Na Taba de Arariboia, de Nestor Tangerini, seu pai, na sede da UBE, em São Paulo, em 28.7, na Bienal do Livro, Riocentro, 10.9, e participou no Congresso Brasileiro de Escritores, promovido pela UBE, de 12 a 15 de novembro [de 2011], em Ribeirão Preto, SP.
        Atualmente escreve para o jornal POLEGAR [do jornalista Marcelo de Quadro], de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul.
        Nelson Marzullo Tangerini defende a memória dos poetas do Café Paris [de Niterói] e a literatura fluminense.
http://nelsontangerini.blogspot.com/









LUA E ESTRELA SOBRE ISTAMBUL.

A lua ainda brilha sobre Istambul.
Banha de prata toda a cidade
e toda a sua gente.
Banha de prata Mesquitas
e residências,
em consonância bizantina.
Casas iluminadas à luz elétrica,
à luz de vela,
à Luz do Corão.

Olhando o Bósforo,
tremulo uma bandeira.
Lua e estrela,
lua e estrela sobre Istambul.

Autor: Nelson Marzullo Tangerini


UMA LINDA MULHER!

Nelson Marzullo Tangerini

                   Não, amigos, não estou falando de um filme estrelado por Julia Roberts e Richard Gere; mas sobre Uma Linda Mulher que conheci há alguns anos, numa movimentada rua do Rio de Janeiro, e que vem me perturbando o sono.
                  Há muito deixei de ser poeta – a fonte inspiradora secou, não tenho mais sonhos -, passei a ser o frio cronista que vos escreve; o simples cidadão do mundo que observa o ruído das ruas de nosso planeta.
                   Vivo, porém, ultimamente, a contemplar o rosto da mulher amada, como se estivesse diante da Mona Lisa. De súbito, o amor me toca, põe em minh´alma sua porção mágica. Não lhes diria uma só palavra se por dentro de mim não incendiasse essa chama que me queima o peito e me inquieta diante de uma folha de papel em branco.
                   Se fosse “O Poetinha” Vinícius de Moraes, faria mil versos de amor - para que ela me percebesse, para que ela caísse no meu laço, no meu abraço, no meu amasso, para que ela fosse a minha namorada.
                   Apaixonado e atordoado com a sua beleza, eu poderia entrar agora num bar e beber todas – por sua causa.
                   Não, não farei isto. Não sou romântico. Prefiro embriagar-me de sua beleza, estampada em suas fotografias.
                   Ela é realmente muito bonita e está rodeada de flores, num mundo de segredos e mistérios – prato cheio para um poeta simbolista.
                   Um poeta romântico a idealizaria como a musa inatingível, inalcançável.
                   Vivemos na mesma cidade e estamos distantes e isto me leva a invadir a produção romântica daqueles poetas que morriam jovens – de tuberculose.
                   Ela tem meu telefone. Por que não me liga? Por que não encurta este espaço que existe entre nós?
                   Percebi seu rosto e seus cabelos no exato momento em que a conheci. Buzinas e freadas de ônibus e carros e vozes mil não me impediram de ouvir e contemplar sua fala mansa e mágica.
                   Por um tempo, perdi-a de vista. Pensei nunca mais tornar a vê-la. “Quem ama é capaz de ouvir e entender estrelas”. Pois bem, ouvi estrelas, quase plagiei Bilac, mas não perdi o senso. E, para minha felicidade, vi-a, recentemente - mais linda e mais cândida e casta.
                  
                   Direis agora: - Tresloucado amigo, não tens a mínima chance de conquistá-la. Olha-te no espelho. És um mísero e reles rabiscador de papéis. És feio, barrigudo, calvo e míope. Tens uns óculos de armação preta e horrorosos no meio das fuças. A miopia te impede de ver a realidade, poeta.
                   A realidade, aqui, citada pelo nosso nobre amigo,  - leia-se -, é a total ausência de sentimentalismo, do romantismo piegas, que levou muitos poetas românticos a estudarem mais cedo “a geologia dos campos-santos”. É o fruto, talvez, das leituras e releituras de Machado de Assis e Eça de Queiroz. Ou, mais recente, de Nelson Rodrigues.
                   Como sonhar não é ainda proibido, e não se lê o que anda estampado no cérebro e no coração do outro, vivo a sonhar apaixonadamente com esta deidade que perturba o meu sono.
                   Não direi seu nome, não direi onde mora, nem direi onde trabalha. Não quero expô-la. Longe de mim, incomodá-la em seu castelo na montanha ou nas suas horas de labuta. Ela lerá, descompromissadamente,  por certo, esta minha crônica, um dia desses, e saberá que este velho e chato escritor lhe dedicou algumas pobres linhas.
                  Graciosa e bela, a minha musa me fez sonhar, deu sal à minha vida, me fez estar aqui, neste momento, falando baixinho, falando de amor, esquecendo até do futebol, ouvindo e plagiando O Poetinha, escrevendo essas tolices.
                  Plagiando o poeta português Fernando Pessoa, só as pessoas ridículas nunca escreveram poesias, crônicas e cartas de amor.

Nelson Marzullo Tangerini, 58 anos, é escritor, jornalista, poeta, compositor, memorialista, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro da UBE, União Brasileira de escritores, da ALB, Academia de Letras do Brasil e do Clube dos Escritores Piracicaba [ clube.escritores@uol.com.br ], onde ocupa a Cadeira 073 Nestor Tangerini.



SEM PALAVRAS


          Para Emília Maria de Oliveira Cerqueira,
          que sabe multiplicar sonhos, números e palavras.


Dentro de instantes,
dentro de um ônibus,
dentro de um supermercado,
em plena rua,
o homem-bomba detonará sua vida
e muitas vidas.

O homem-bomba
é a ausência de palavras,
é o antônimo
do super-homem
solidificado na razão.

O homem-bomba
tem uma corda
que liga o homem,
que deveria ser palavra
ao homem sem palavras
e sem expressão.

O homem-bomba
perdeu a razão,
perdeu a vida,
ganhou o paraíso,
ganhou a nação,
ceifou várias vidas,
abriu várias feridas.





O homem-bomba
é a ausência de palavras:
solidificado na ignorância
e na estupidez,
ele é uma palavra: composição por justa-posição:
homem e bomba,
explodindo células
- as suas e as dos outros -,
espalhando sangue
e várias palavras,
vários nomes:
homens, mulheres, crianças,
profissões.

O homem-bomba
são duas palavras:
é um homem e um bomba:
uma arma, um artefato,
dois substantivos concretos,
pulverizando a vida,
tornando a vida abstrata,
desafiando a semântica,
desbravadora de palavras.

O homem-bomba
não celebra a vida.
O homem-bomba
quer morrer
pela vida de sua religião,
pela religião de sua vida.






Fragmentado
em mil pedaços
- Cabeça, tronco e membros -,
o homem-bomba
depois de matar
e matar-se,
causa, também,
o horror da dilaceração:
um espetáculo mais que dantesco.
mais que Guernica,
a vitória da destruição,
deixando Picasso
- Se vivo estivesse - consternado
a mirar este quadro coletivo
da inumana mutilação.

É outra maneira de mostrar-se.
É outra maneira de dizer
que já foi vida.
É outra maneira de dizer
que é fétida ferida
aberta, exposta
para o mundo.
É outra maneira de dizer:
- queria ser palavra
e me deixaram mudo.

Autor: Nelson Marzullo Tangerini

Poesia já publicada no jornal A BATALHA, de Lisboa, Portugal.

Nelson Marzullo Tangerini, 58 anos, é escritor, jornalista, poeta, compositor, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro do Clube dos Escritores Piracicaba [ clube.escritores@uol.com.br ], onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.




FOR ALL WE KNOW


Nelson Marzullo Tangerini


                       Assim como naquele poema do Drummond, a vida me deu um amor nos tempos de madureza. Aquele amor que parece estar distante-perto, sem compromisso. Aquele amor que está mais perto que distante.
                       Ela veio de mansinho. Veio com seu toque feminino. Deu um jeitinho na minha casa, nos meus livros. Pôs ordem na minha desordem. Este quadro você põe ali. Este vaso lá. A televisão fica melhor aqui. Mas desarrumou meu coração. Por completo. Apenas a observo, fingindo não venerá-la, e ouço-a com atenção e carinho.
                       Depois, ela volta para sua casa, deixando-me envolvido em pensamentos. Quis pedi-la para ficar. Mas ela é uma mulher moderna e quer assim, quer a sua liberdade, viver comigo e sem mim. É difícil para um homem entender isto. Porque, como nos disse aquele filósofo alemão, temos uma corda entre o primitivo e o super-homem.

                       Volta e meia ela aparecia nos corredores do trabalho com sorrisos luminosos, restritos e sem compromissos, fingindo não me dar muita importância, ignorando até os meus textos, o que, de certa forma, me irritava.
                       Mas um dia, na rua, uma pequenina folha caiu de uma árvore e prendeu-se em seus cabelos. Com cuidado extremo, tirei a referida folha de seus cabelos, toquei-os com delicadeza e nossos olhares se cruzaram de maneira estranha. Algo nos empurrava um para o outro. Mas nos mantivemos firmes na pouca distância que havia entre nós. Talvez porque não somos mais jovens e não podíamos ficar ali, na via pública, nos beijando, nos amassando.

                       Depois de uma tarde de amor, num sábado de outono, ela estranhamente começou a aparecer nos meus sonhos para dizer que me ama e que cuida de mim.
                       Estamos abraçados. Numa “paixão medida”. Acordo e ela está ausente, distante, no seu castelo, talvez sonhando também comigo. Sinto-me um adolescente em desespero. Pego no telefone, digito seu número e ouço sua voz. Digo-lhe apenas que queria ouvi-la. Como dizia Leila Diniz, homem tem de ser durão. Nada mais disse.

                       Por coincidência, For all we know, uma música de James Griffin, ex-Bread, aquela banda americana que encheu nossos velhos corações apaixonados, nos idos anos 1970, de melodias arrasadoramente românticas, volta a entrar pelos meus ouvidos e não paro de cantarolá-la do quarto para a  sala e da sala para a cozinha.
                       Soube, anos mais tarde, que David Gates, o band leader dos Bread, autor de memoráveis canções, não quis que a banda gravasse For all we know. Talvez por medo de concorrência. Os músicos brigaram feio. Resignado, Griffin, falecido em 2005, aos 61 anos, de câncer, deu a música para os Carpenters e ela estourou. E é sucesso até hoje, entre os velhos e eternos adolescentes cinquentões. Um dia desses, vi Griffin cantando sua música e dedilhando seu violão folk no Youtube.

                       “O amor cuida de nós dois, estranhos seres em muitos caminhos. Nós tivemos um tempo de vida para dividir, e muito para dizer. E como nós seguimos no dia-a-dia, eu a sentirei junto de mim. Mas apenas o tempo dirá. Vamos deixar a convivência dizer. Eu a conheci bem. Só o tempo nos dirá, então, e o amor deverá crescer por tudo o que sabemos.”

                       Outras vezes nos amamos em seu mundo. Ali estão seus retratos, seus livros, seus sonhos, sua luta, sua vida independente, sua alimentação natural..
                       Certa vez, ela fez um bolo de chocolate especialmente para mim. Tomamos café juntos, assistimos a um filme, a um show, ouvimos música e namoramos no sofá.
                       Por um momento pensei em dizer-lhe que podíamos viver juntos. Mas ela deixou bem claro que se sentia melhor vivendo sozinha, sem homem dentro de sua casa.
                       Em minha casa, num acesso de macho dono da fêmea, cheguei a dar um soco na parede. Essa mulher entrou na minha vida e agora me esnoba. Mas não quero que ela perceba que sinto amor e ciúmes. Sorrio friamente, diante dela, escondendo o que sinto, fingindo ser um homem moderno, compreensível.
                       Decididamente, acho que não sei conviver com uma mulher moderna, que quer sair com as amigas para viajar, dançar e chegar tarde.
                       Finjo estar despreocupado com suas andanças, mas queria ser um mosquito para visitá-la em seus momentos de liberdade.
                       Vez por outra, ela me diz que não está me corneando, que é fiel a mim, que eu devo ficar despreocupado. E fico?
                       Não lhe pergunto nada. Não pergunto a que lugar ela vai, a que horas vai chegar. Nem pergunto se está me traindo. Sei que não está. Mas tenho minhas dúvidas. Sou um homem. Não passo de um homem. Um homem moderno, tentando dizer que não sou machista e possessivo. Por isto ainda não lhe disse que estou apaixonado.

Nelson Marzullo  Tangerini, 58 anos, é escritor, jornalista, poeta, compositor, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro do Clube dos Escritores Piracicaba [clube.escritores@uol.com.br], onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini, da ALB, Academia de Letras do Brasil, da UBE, União Brasileira de Escritores, e da ABI, Associação Brasileira de Imprensa.

nmtangerini@yahoo.com.br e n.tangerini@uol.com.br



  

1984 E DEPOIS (1)

                                     “Os ricos farão tudo pelos pobres,
                                             menos descer de suas costas”.

                                                                               Leon Tolstoi.

                    Como conjugar o verbo amar,
                    se o amor
                    foi banido deste mundo?

                    O coração frio
                    não bate mais,
                    não tem mais emoções,
                    esperanças não têm mais.

                    Só a descrença
                    e o ceticismo
                    somam-se
                    mais e mais e mais...

                    Só os olhos
                    filmam
                    o que ninguém quer ver:
                    homens
                    comprometidos
                    comprados
                    metidos
                    indiferentes
                    vendendo o produto final
                    da insatisfação social.

                    Como conjugar o verbo amar,
                    se bombardeios e tiroteios
                    invadem a minha sala de estar?





                    Como conjugar o verbo amar,
                    se favelados famintos
                    me espiam, pela TV,
                    na hora do jantar?

                    Como conjugar o verbo amar,
                    se “a inflação tentacular” (2),
                    sem zelo,
                    proíbe meus amigos
                    de fazê-lo?

                    É proibido conjugar o verbo amar:
                    o capitalismo, em silêncio,
                    quer nos sufocar.

                    Autor: Nelson Marzullo Tangerini

                    Do livro CIDADÃO DO MUNDO,
                    Editora Achiamé,
                    Rio, 1996.

                    Obs.:
                       (1)  1984: livro de George Orwell;
(2)     “a inflação tentacular”: Citando
Carlos Drummond de Andrade.




















PRIMAVERA D'VERSOS