Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

sábado, 28 de junho de 2014

Um Brinde à Poesia no Solar do Jambeiro















PARTOS
Eda Damásio



Após a entrega, rendição
Quando tudo afeta e impregna a alma.
Gestação
Reflexão.

Logo darei à luz as trevas do meu ser:
Enigmas que eu desvendo ao escrever.

Venham ver, ouvir!
Tenras, fresquinhas
Acabei de parir!

Não posso dizer que são só minhas.
Têm o sêmen de todas as paixões,
De tudo que vivi.

Quantas sensações em ebulição
Eu sinto nas entranhas!

Outras estão por vir
Já se movimentam e gritam.
Logo nascerão outras poesias.





SOU POESIA
Eda Damásio


Sou vinho de guarda
Que o tempo tempera
Adocicando espero

Na solidão da adega escura
Transmuto-me a cada instante.

Fermento sensações,
Sonhos, espantos

Embriago a alma
Dou asas às palavras
E me deixo sorver pelo poeta
Eu sou Poesia!


BORDADEIRA
Eda Damásio

Bordei um pintinho
Desenhado por minha mãe
E alinhavei uma cerca
Para ele não fugir.

Outros desenhos, caminhos,
Foram feitos
Para com linhas coloridas
Eu cobrir.

Depois continuei bordando
Labirintos coloridos.

São tantas linhas,
Tantos desmanchos,
Começos e recomeços...

Linhas que se partem,
Se emaranham
Perco o fio
Acho,corto
Faço nós.

Ai!Me espetei!
Com a linha vermelho sangue
Da paixão
Faço “pontos cheios”.

Não tenho mais medo.
Já nem penso em cercas.
Enquanto houver linhas
Estarei a bordar.





SOLIDÃO
Eda Damásio

Chegou, e apossou-se do imenso vazio.
Entrou pelas portas trancadas de chaves perdidas.
Ocupou espaços onde antes de ouviam
Arrulhos de amor, explosões de alegria.
Crianças corriam, e seus alaridos
Os cantos enchiam.
Amigos que vinham sem pedir licença
Para  desfrutar as pequenas delícias
Do meu dia a dia.
A saudade acordou-me do tédio profundo.
Não! A Solidão ali não ficaria.
Agora eu ti há as chaves
Que as lembranças traziam.
Abri uma janela por onde ela entraria
Quando eu a convidasse
Para colorir de tons acinzentados
A tela da poesia.





A Tecelã
Eda Damásio

Procuro o fio da meada
Que entre outros se perdeu.
Buscando a razão da vida
Quem vai se perder sou eu.
O fio que se embolou
No início da meada
É agora seu final:
Princípio e fim de uma estrada.
Nada aqui é permanente
Tudo é mera ilusão.
Teço incessantemente
Os meus fios de algodão
Que nos percalços da vida
Me agasalham o coração.








terça-feira, 17 de junho de 2014

Aconteceu Um Brinde à Poesia 15 Anos

A Festa do Amor!
O beijo da POESIA!
Meu coração celebra!

A ÚLTIMA GOTA

A última gota para que cada gota compartilhada seja inesquecível tornando assim cada momento eterno
A última gota para retirar as máscaras e lavar 
a face numa bacia de ouro
A última gota para me transformar no melhor vinho a ser oferecido
A última gota para que o amor não seja 
uma fruta caindo do pé ainda verde
A última gota para solidão não consumir numa eterna escravidão
A última gota para folha branca ser preenchida, para ressurgir das cinzas, para traçar os versos e seguir o coração
A última gota para ter a magia dos palcos, a melodia da vida, o dom das palavras, o amor das almas
A última gota para voar liberdade
A última gota sem limites envolta a paixão de ser o que a embriaguez do viver permitir
A última gota para nos misturarmos nas gotas 
que fluem na existência
A última gota para sermos uma só gota escorrendo 
de amor no universo
A última gota que  nunca tem fim produzindo milhões de gotas fazendo no tilintar Um brinde à Poesia 
escorrendo gotas rimadas num universo de luz.

Gratidão! Paz! Brilha Luz!
Lucília Dowslley




Amigos, chegamos nesta data especial do Um Brinde à Poesia 15 anos, em Niterói!
Comemoramos no dia 11 de junho, no MAC Niterói, com o auditório lotado! 
Energia angelical. Alto astral contagiante! Amei!
Minha gratidão a todos os poetas músicos público amigos anjos Deus!

As apresentações no palco fizeram eco e serão sempre lembradas por mim.
 Aliás, escrevemos uma bela página na história do um Brinde à Poesia.
Foi uma noite memorável!
Fotos, versos, abraços, parabéns, sorrisos, emoção, carinho, brinde!

A Festa do Amor!
O beijo da POESIA!
Meu coração celebra!

Eu agradeço mais uma vez ao que compartilhamos! Entendo que muitos não puderam ir e tiveram os seus motivos. Todos de alguma forma estiveram presentes As lembranças giravam no telão. No meu coração abraço a todos. saudades!

Todos são versos vivos que compuseram o belo poema da noite dos 15 anos do Um Brinde á Poesia. Pessoas talentosas, sensíveis e amorosas com arte na alma e que serão sempre bem vindas para expressar a sua arte criando novos elos.

Somos um único verso! Gratidão! Beijo no coração. Brilha Luz!

Agradecimentos especiais ao MAC Niterói, Fundação de Artes de Niterói, Cais de Icaraí (Luiz Barros), Porção Mágica, Kaka Modas, Steak House, Vip Clinic, J. E. Sementinha Iluminada, Teatro Municipal de Niterói, Wizard, J. E. Sementinha Iluminada. Gratidão! Abraços. 

Feliz demais! Temos um caso de amor poético.

Feliz Dia dos namorados!

Com carinho,
Lucília Dowslley

domingo, 1 de junho de 2014

Um Brinde à Poesia comemora 15 Anos, com a presença de mais de 40 poetas, no MAC Niterói



A emoção aumenta a cada dia e não é para menos. São 15 anos fazendo, com muito prazer, Um Brinde à Poesia! A estrada foi florida e perfumada. Teve espinhos o que é natural. Faz parte da vida e de todo aprendizado para se tornar melhor passo a passo. Sabendo que nunca se está pronto e por isso (eu acho), abro sagradamente cada edição com o poema-oração: Ensina-me. Nesta hora, muitas lembranças passam pela minha cabeça. 
É uma longa estrada.
E, tem valido a pena militar por uma causa que vai muito além de qualquer conquista físico material. Este Movimento é pela paz e liberdade de ser através da arte. Fico feliz por criar espaço para que as pessoas possam falar sobre suas emoções através dos versos, da música e outras expressões. Fico feliz em agregar tantos talentos e encontros frutíferos num clima de alto astral.
Acredito que ao libertar versos criamos asas além céus e pousamos paz noutros universos. Fazer Um Brinde à Poesia é celebrar a existência em todas as suas nuances e misturar faces multicores diversas num tilintar de gotas transbordando possibilidades. É um sim a vida. Lembro-me agora, da canção "Somos todos iguais esta noite" e que sejamos. Nesta programação consegui reunir mais de cinquenta poetas, interpretes dos versos e músicos. Uma seleção especial! Imperdível!
"Embriagai-vos" ecoa ainda na voz do eterno poeta, em mim, em cada um de nós. Embriagai-vos do que quiser, a sua escolha. Porque dia 11 de junho vai ser o Dia da FESTA DO AMOR (véspera do dia dos namorados, do primeiro jogo da copa, dois dias para o aniversário de Fernando Pessoa) e precisamos, com todo este clima e efervescência nacional, com urgência trazer de volta o AMOR.
A Poesia é a minha bandeira.
Paz! Brilha Luz!
Vamos celebrar. Até lá.
Beijo no coração.
Lucília Dowslley



Um Brinde à Poesia Niterói 4, Lançamento da "Galeria Novos Autores, no Solar do Jambeiro


15 Anos LIVROS, UMA PAIXÃO
UM BRINDE À POESIA A MINHA BANDEIRA



A edição Divulgando Livro foi criada dentro das comemorações dos 15 anos do Um Brinde à Poesia e alcança mais um objetivo do Movimento. Estimular a leitura de poesia e apoiar os seus autores, seja independente ou publicado por editora. Na programação de cada edição converso com os autores sobre as suas obras e durante o bate papo eles apresentam poesias. Enriquecendo ainda mais o projeto criei o site "Galeria Novos Autores", onde você vai conhecer um pouco sobre cada livro que foi lançado e sobre cada poeta que se apresentou, ser direcionado a links para adquirir o livro do seu interesse e obter mais informações do autor. 

É um grande prazer divulgar talentosos poetas que admiro e indico. É o meu carinho especial nesta data de aniversário dos quinze anos de brindes, a cada um que participou e abrilhantou cada encontro com sua arte. Mas o site não vai ficar parado. A cada nova edição de Divulgando Livro, novos autores serão inseridos na galeria gratuitamente. 
Divulguem. Boa leitura!
Apaixone-se! Este é o movimento.
E, dá uma olhada nesta seleção de poetas que confirmou presença 
no dia 7 de junho, no Solar do Jambeiro. Só tem fera! Golaço da Poesia!
Beijossssssss.
Lucilia Dowslley




Um Brinde à Poesia Extra, no IV Salão da Leitura de Niterói





                                                    CONVIDADO ESPECIAL





NELSON  [MARZULLO] TANGERINI
nmtangerini@yahoo.com.br
         
          Jornalista [membro da ABI, Associação Brasileira de Imprensa], professor de Português e Literatura, poeta, escitor, fotógrafo e compositor, Nelson Tangerini [pseudônimo Nelson Marzullo Tangerini - em homenagem à sua avó Antônia Marzullo, atriz, e a seu tio Maurício Marzullo, advogado e poeta], nasceu a 21 de maio de l955, no Rio de Janeiro, quando a Cidade  Maravilhosa era Capital Federal.
          Em l98l, publicou  Paulicea (Ainda) Desvairada - Uma declaração de amor a São Paulo e a sua gente  - poesias  -  Produção Independente ,  partici-pou do jornal literário  Reunião de Cópula e conheceu, no Rio, o poeta português Alexandre O´Neill.
          Em l983, esteve em Juiz de Fora, MG, no I Encontro de Escritores. Desse encontro, participaram os poetas Affonso Romano de Sant´Anna, Suzana Vargas, Síntia Helena Paholsky, entre outros.
          Durante a década de 80, manteve correspondência com Carlos Drummond de Andrade, que o apresentou  ao caricaturista e colecionador de caricaturas Álvarus [Álvaro Cotrim], que se interessou pelas caricaturas cubistas de seu pai.
          Nos dias  27 e 28  de agosto de 1988, representou Affonso, autor do texto “Projetos para um dia de amor”, na Universidade Federal de Viçosa e hospedou-se num quarto onde já haviam se hospedado antes Naum Alves de Souza e  Adélia Prado.
          Participou, em 1990, do livro Reencontro com Cruz e Sousa da Editora Papa-Livro, SC, ao lado de Uelinton Farias Alves, Affonso, Austregésilo de Athayde, família Cruz e Sousa  e  Henrique L. Alves, entre outros.
          Foi membro da  Anistia Internacional  e da ONG inglesa  Survival International,  que defende os povos da floresta em todo o mundo.
          Conheceu,   em 1991, no Rio, o ativista Nelson Mandela, que viria a ser presidente da África do Sul.
          Publicou, em 1996, pela Achiamé Edições, o livro de poesias Cidadão do Mundo, baseado em sua experiência como membro da Anistia Internacional..
          Em l997, pela Achiamé Edições, publicou o livro Dona Felicidade,  de seu pai,  Nestor Tangerini.
          Ainda em 1997, conheceu, na noite de 19/09, no Instituto Metodista Bennett, o Prêmio Nobel da Paz de 1996, Dr. José Ramos-Horta, um dos líderes da resistência de Timor-Leste.
          Passando por São João Del Rei, Minas Gerais, no dia 28/01/1998, conheceu o pintor sanjoanense Wangui (Wanderley Mário Guilherme), de quem é grande amigo.
          No dia l9 de março de l998, após realizar duas palestras sobre  o  Centenário  da Morte de  Cruz e Sousa,  em Antônio Carlos,  MG,  recebeu, das mãos do  vice-prefeito da cidade,  Sr.  Eduardo Paulo Vilanova, uma placa comemorativa ao Centenário de morte do poeta negro.
          Filho  de   Nestor Tangerini  e  Dinah Marzullo Tangerini,  ex-atriz  de  teatro [trabalhou na companhia Alda Garrido ao lado mãe e da irmã, Dinorah Marzullo]  e neto  da atriz  Antônia Marzullo [avó matenra] e de Vittorio Tangerini [avô paterno], Engenheiro Florestal, reformador e ex-cantor de ópera, Nelson Marzullo Tangerini  cuida, atualmente, da memória de sua família: Marzullo-Tangerini.
          No dia 19 de abril de 1999, conheceu e fotografou  o escritor português José Saramago,  Prêmio Nobel de Literatura de 1998,  a quem ofereceu  o livro  REENCONTRO COM CRUZ E SOUSA. 
          Em 20 de abril,  tornou a fotografar  José Saramago  na  IX Bienal Internacional do Livro, no Riocentro.  Nesse dia,  também fotografou  o escritor português  Augusto Abelaira, autor de Bolor,  a Professora Cleonice Berardinelli e a atriz Zezé Polessa.
          Em 25 de abril de 1999, o escritor Eduardo Bueno na IX Bienal Internacional do livro,  no Riocentro.
          Nesse mesmo ano, 1999,  participou, como colaborador, do livro  VISSI D´ARTE , 50 ANOS VIVIDOS  PARA   A  ARTE,  de  sua prima  Marília Pêra  &  Flávio de Souza,  da   Editora Escrituras.  Para  o refeirdo livro,cedeu fotos e documentos da sua família (Marzullo, Tangerini).
          No ano 2000,  registrou, na Biblioteca Nacional,  o livro  PERFIL  QUASE  PERDIDO  -  UMA  BIOGRAFIA  PARA  NESTOR TANGERINI,  sobre  a  vida e  a obra  de  seu pai,  jornalista,  escritor,   teatrólogo,  poeta,  caricaturista -  de estilo cubista - e compositor.
          No dia 25 de maio de 2001, às 16.30 h, leu poemas seus,  de seu pai  [Nestor Tangerini],  Cruz e Sousa  e António Nobre, no stand  da  Secretaria Estadual de Educação, na  X Bienal Internacional do Livro, no Riocentro, no Rio de Janeiro.
          De 22 de abril a 22 de maio de 2002 esteve em Portugal acompanhando o escritor e historiador do movimento operário Edgar Rodrigues.
       Nesse mesmo ano, sua música Energia Azul, de parceria com Adalberto Barboza, foi gravada pela banda Suburblues.
        No dia 17/05/2003, na XI Bienal do Livro, no Rio, conheceu e fotografou o escritor indiano Salman Rushdie, que autografou, para NT, o livro Fúria.
        No dia 14/1/2004, foi inaugurada, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, RJ, a Sala de Gravações 2 Nelson Tangerini, do Estúdio RM2, de Maurício Silveira [Suburblues}.
        No dia 24 de agosto de 2007, Nelson Tangerini, que adotou o nome de Nelson Marzullo Tangerini, em homenagem à atriz Antônia Marzullo, sua avó materna, tomou posse no Clube dos Escritores Piracicaba, onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.
        Em 2009, participa [com textos literários] da reedição do livro VIDA APERTADA, Sonetos de Luiz Leitão, poeta niteroiense. O livro, da Editora Nitpress, foi relançado na Bienal do Livro, no Rio Centro.
        Em 20 de agosto de 2010, Nelson Tangerini tomou posse na Academia de Letras do Brasil [Cadeira no. 006/ALB/RJ-RIO DE JANEIRO, na condição de Membro Vitalício.
        Em 26 de novembro de 2010, na Cidade de Piracicaba, Est. de São Paulo, Nelson Marzullo Tangerini recebeu  diploma Colar do Mérito Literário “Haldumont Nobre Ferraz”, “pelo muito que realizou dentro da Cultura e da Literatura”.
        Neste mesmo ano [2010], lança o livro de crônicas NESTOR TANGERINI E O CAFÉ PARIS, pela Editora Nitpress, Niterói, RJ. Este trabalho foi lançado na Primavera dos Livros no dia 24 de outubro de 2010, das 10 às 12 horas, no Museu da República – Palácio do Catete (Rua do Catete, 153, Rio).
        Em 2011, Nelson Tangerini tornou-se membro da UBE, União Brasileira de Escritores: www.ube.org.br, autografou o livro Na Taba de Arariboia, de Nestor Tangerini, seu pai, na sede da UBE, em São Paulo, em 28.7, na Bienal do Livro, Riocentro, 10.9, e participou no Congresso Brasileiro de Escritores, promovido pela UBE, de 12 a 15 de novembro [de 2011], em Ribeirão Preto, SP.
        Atualmente escreve para o jornal POLEGAR [do jornalista Marcelo de Quadro], de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul.
        Nelson Marzullo Tangerini defende a memória dos poetas do Café Paris [de Niterói] e a literatura fluminense.
http://nelsontangerini.blogspot.com/



Nestor Tangerini


O TALENTO
DE NESTOR TAMBOURINDEGUY TANGERINI,
MEU PAI
Nelson Marzullo Tangerini

Nestor Tambourindeguy Tangerini, poeta satírico, jornalista, escritor, compositor, caricaturista (de estilo cubista), teatrólogo e professor de português, ex-funcionário do antigo DCT (Departamento de Correios e Telégrafos), nasceu a 23 de julho de 1895, em Piracicaba, Estado de São Paulo, e faleceu no Rio de Janeiro em 30 de janeiro de 1966.
Compôs Dona Felicidade, em parceria com Benedicto Lacerda, valsa gravada em 1937 por Castro Barbosa para o selo RCA Victor.
Na década de 20, freqüentava a roda intelectual do legendário Café Paris, em Niterói, então capital fluminense, na companhia de Luiz Leitão, Mazzini Rubano, Renê Descartes de Medeiros, Luiz de Gonzaga, Brasil dos Reis, Mayrink, Olavo Bastos, Gomes Filho e Apollo Martins, e publicava, nos jornais da cidade fundada pelo Cacique Araribóia, crônicas e poesias, com os pseudônimos João da Ponte, João do Paris,
João de Niterói e Pastaciuta.
Nessa época, residia na Alameda São Boaventura, no. 1085, bairro Fonseca, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro.
Autor de revistas, Tangerini escreveu inúmeras peças de teatro. Entre 1936 e 1937, escreve Estupenda!, Magnífica!, Na Dura!, No Tabuleiro da Baiana e Gol! para a Cia. Teatral Jércolis.
A imprensa do Rio de Janeiro insiste em dizer que essas peças foram escritas pelo empresário de teatral Jardel Jércolis.
Em suas peças – encenadas pela Cia. Jardel Jércolis ou por outras companhias teatrais - trabalharam Oscarito, Aracy Cortes, Dercy Gonçalves, Grande Otelo, Henriqueta Brieba, Walter Dávila, Antônia Marzullo (sua sogra), Dinorah Marzullo Pêra (sua cunhada), entre outros.
Em 1947, fundou, com o locutor Lourival Reis, o Professô Zé Bacurau, o caricaturista Abel, Iêda Reis, o compositor Aldo Cabral, com quem escreveu as peças Pra Deputado, Cadeia da sorte, Boa Boca, Lição Doméstica e esquetes para a TV Continental, e Maurício Marzullo (seu cunhado), a revista de humor e sátira O Espêto, onde publicava sonetos, trovas, crônicas, esquetes, caricaturas e monólgos com diversos pseudônimos – Dom T., Conselheiro Armando Graça, João da Ponte, Conselheiro XX Mirim, José Oitiçoca, Mme. Chaveco, Malba Taclan, Álvaro Amoreyra, Pierrot (T.), T., Humberto dos Campos, X. Toso, B. Lírio Neves e Benedito Mergo Lião.
Tangerini, que pertencia ao clã dos Marzullo, era genro da atriz de rádio, cinema e teatro Antônia Marzullo (como já citamos acima), mãe da atriz Dinah Marzullo Tangerini (sua esposa), irmã da atriz Dinorah Marzullo Pêra (esposa de Manuel Pêra e mãe das atrizes Marília e Sandra Pêra) e pai de Nirton, Nirson e Nelson Tangerini, Maurício Marzullo, advogado e poeta, casado com Antonietta Saturno Marzullo, e pai de Letícia, Marisa, Maria da Graça e do advogado Maurício Jorge Saturno Marzullo.
Nestor Tangerini era deficiente físico e visual: não tinha o braço esquerdo e a vista direita.
Nelson Marzullo Tangerini, 59 anos, professor de Língua Portuguesa e Literatura, jornalista, escritor, poeta, compositor e fotógrafo. É sócio da ABI [Associação Brasileira de Imprensa] membro do Clube de Escritores Piracicaba [ clube.escritores@uol.com.br ] , onde ocupa a Cadeira 073 Nestor Tangerini, e da ALB, Academia de Letras do Brasil, da UBE, União Brasileira de Escritores e da ABI [Associação Brasileira de Imprensa].
nmtangerini@yahoo.com.br




O MATEMÁTICO DE MUQUI
Nestor Tambourideguy Tangerini 
Apaixonado pela formosa Adur, filha mais velha de Bagdá Kiff, famoso matemático árabe e negociante em Muqui, Jorge Aleff, seu patrício, que lá se achava a negócio, dirigiu-se uma tarde ao Bazar da Estrela, e aí pediu a Kiff a mão de Adur.
O grande matemático havia, além daquela deidade, muitos outros filhos.
Exposto por Aleff o fim de sua visita à loja de Kiff, este lhe falou então :
- Folgo muito em saber que amas minha filha e que ela está disposta a fazer tua felicidade. Mas, responde-me, pela boca de Alá: Onde és empregado e quanto ganhas?
- Sou o maior acionista do banco principal da praça de Bemposta – atendeu Aleff.
- Bendito seja Alá, por quem devo, agora, explicar-te a razão de minha pergunta; e que Alá te dê bom senso para compreenderes a boa intenção dela.
Assim falou o famoso matemático e negociante em Muqui, passando logo a explicar:
- Em todas as ciências matemáticas, na aritmética, álgebra, na geometria, 1 + 1 fazem dois; menos no casamento, onde 1 + 1 fazem muitos.
E demonstrando:
Eu e minha esposa, por exemplo, fizemos 15.
Crônica publicada na revista O Espêto, Ano 1o, 2, pág. 8, Rio, 1o. de maio de 1947, com o pseudônimo Malba Taclan.

Arquivo da Família Tangerini:






HOMENAGEM







Luiz Gondim Leitão, o Lili Leitão


LUIZ LEITÃO, POETA DE NITERÓI

A POESIA SATÍRICA DE LILI LEITÃO

Nelson Marzullo Tangerini

                       A poesia satírica em Língua Portuguesa não se esgotou. Ela continuou viva após Bocage, Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga [Cartas Chilenas] e Luís Gama, aquele poeta negro vendido pelo próprio pai como escravo.
                       Outros poetas, mesmo românticos, simbolistas ou modernistas, como Fagundes Varela, Cruz e Sousa, Oswald de Andrade e Bananére, dentro de suas escolas, escreveram poesias satíricas.
                       Quero falar especificamente de Luiz Antônio Gondim Leitão, “mais conhecido por Lili Leitão, boêmio, jornalista, teatrólogo, humorista,  e poeta”, “nascido em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1890” (1), amigo de outro poeta satírico, Nestor Tangerini, e sua verve humorística.
                       Está muito certo Alberto Valle quando diz que Lili Leitão é o maior poeta satírico fluminense.
                       Há que se fazer, no Brasil, ou em Portugal, um sério estudo sobre a poesia satírica em Língua Portuguesa, desde as cantigas satíricas, de escárnio e maldizer -  “os primeiros textos escritos em galego-português foram poesias”(2) -, surgida nos séculos XI e XII, passando pelo neoclássico português Bocage e o barroco baiano Gregório de Matos, até desembocar em Lili Leitão e Nestor Tangerini, essencialmente satíricos.
                       Satirizando a si próprio (soneto Uma tragédia), Lili satiriza, também, o funcionário público (sonetos O Ponto ou O Lápis), o meio em que vive, criticando os costumes, a hipocrisia, o preconceito, a decadência da sociedade (Noivado Caro) de seu tempo e o adultério - ou o mal comportamento das damas (Desilusão, Marido exemplar, 9o. Mandamento e No escuro).
                       Aproximo-o, por isso, dos cantadores de escárnio medievais, indiretos em seus versos satíricos.
                       Isso o difere de seu amigo Nestor Tangerini, meu pai, paulista-fluminense, mais identificado com as cantigas de maldizer, com suas sátiras diretas e duras críticas ao adultério, ao amor interesseiro e o uso de palavras carregadas de erotismo e duplo sentido.
                       Nestor Tangerini, leitor de Bocage e Gregório, e Lili Leitão, sonetistas satíricos, seguidores, porém, da escola parnasiana de Alberto de Oliveira, Raimundo Correa e Olavo Bilac, eram, sem dúvida, a linha de frente do famoso Café Paris; os outros poetas, porém, também fluentes e tão nobres quanto eles, seguiam a escola parnasiana simplesmente - ou simbolista de formato parnasiano -, como René Medeiros, Mazzini Rubano, Apollo Martins, Oscar Mangeon, Olavo Bastos, Varon, Gomes Filho ou Luiz de Gonzaga.
                       Niterói concentrou um núcleo de poetas pouco interessados na Escola Modernista, que abolia a rima e a métrica. Por isso, a poesia de Luiz Leitão e de outros poetas do Café Paris deveria ser estudada com detalhes, uma vez que, aqui, houve uma resistência ao Modernismo de Mário e Oswald de Andrade.
                   Poderíamos estudar esses “rapazes” e incluí-los nas Antologias Nacionais. Eles podem ser chamados de Neoparnasianos ou o seguimento satírico do sério e sisudo Parnasianismo. Ou ainda como uma transição entre o Parnasianismo e o Modernismo, uma vez que o conteúdo de alguns sonetos de Lili Leitão e Tangerini têm evidentes semelhanças com a verve satírica do Modernismo de 1922.
                   Muita coisa, enfim, pode ser feita. Um trabalho pode ser desenvolvido pelos jovens estudantes de Literatura, como o diálogo entre duas pessoas ou consigo mesmo dentro de um soneto.
                   O Café Paris foi o maior movimento literário do Estado do Rio de Janeiro, e ainda não mereceu um estudo acurado. Kleber de Sá Carvalho, Lyad de Almeida, Luiz Antônio Pimentel, Wanderlino Teixeira Leite Neto, Luiz Augusto Erthal, Sandro Pereira Rebel e Alberto Vale, entre outros abnegados, vêm tentando nos fazer crer, através de jornais fluminenses, o quanto é importante rever esses textos.
                   Ressalto, aqui, a importância de Carlinhos Mônaco, que, como eu, guardou textos e manuscritos do saudoso e legendário Café Paris. Carlinhos tem me incentivado a prosseguir nesta viagem através do tempo, em busca da História Literária de Niterói e de nosso Estado do Rio de Janeiro: a nossa identidade.
                   Lili Leitão, que faleceu em Niterói em 15 de julho de 1936, é uma lenda viva em Niterói. Seu livro de sonetos Vida Apertada, de 1926, livro de cabeceira de meu saudoso pai, circula ainda entre alguns fãs, intelectuais e estudiosos de sua obra ou do Café Paris.
                   Conversando, um dia desses, com Carlinhos Mônaco, segredei-lhe que gostaria de relançar Vida Apertada com um estudo mais aprofundado. Sempre gentil, Carlinhos me pede que converse Roberto Kahlmeyer Mertens, pois o professor também havia pensado a mesma coisa.
                   Conversamos – Roberto e eu – e o pesquisador me sugeriu que me juntasse a ele nesta empreitada, pedindo-me um texto para o relançamento de Vida Apertada, que é dedicado aos amigos “parisienses”.
                   Através deste texto, pouco elaborado e sofisticado, expresso todo o meu carinho e o carinho de meu pai pelo grande poeta Luiz Leitão.
                   É uma honra, para mim, estar neste livro de Lili Leitão, amigo de meu pai e um dos maiores nomes da poesia satírica em Língua Portuguesa.

(1)  Lili Leitão, o poeta de Niterói,  Vale, Alberto Editora Icaraí, Niterói, RJ, 1988.
(2)  Literatura Portuguesa da Idade Média a Fernando Pessoa, De Nicola, José, Editora Scipione, 3a. Edição, São Paulo, SP, 1993.


Nelson Marzullo Tangerini, 52 anos, é escritor, jornalista, poeta, fotógrafo, compositor e professor de Língua Portuguesa e Literatura. Imortal, Acadêmico, é membro do Clube dos Escritores Piracicaba   [ clube.escritores@uol.com.br ], onde ocupa a Cadeira 073 Nestor Tangerini.

n.tangerini@uol.com.br, tangerini@oi.com.br, nmtangerini@yahoo.com.br
Nelson Marzullo Tangerini







Luiz Antônio Gondim Leitão (vulgo Lili Leitão) é integrante do movimento literário do Café Paris. Tal movimento, também conhecido como a Roda do Café Paris, é um tesouro cultural fluminense a ser redescoberto.

Num dos cafés da Cidade Sorriso (a, então capital do estado,Niterói), nas primeiras décadas do século XX, boêmios, profissionais liberais, artistas plásticos e jornalistas escreviam, despretensiosamente, uma página importantíssima de nossa história com as letras. Última trincheira das poesias conservadoras (na época em que a vanguarda modernista já se infiltrava nos meios literários), a turma do Paris reunia, além de Lili Leitão, nomes como: Max Vasconcelos, Gomes Filho, Sylvio Figueiredo, Nestor Tangerini, Kleber de Sá Carvalho, Brasil dos Reis e Trina Fox (também os esporádicos e imiscíveis Alberto de Oliveira, Luiz Pistarini e Gutman Bicho).
Embora fosse catedral da poesia dita rigorosa, na qual românticos e parnasianos celebravam missa, foi justamente noCafé Paris, com Lili Leitão, que brotou um estilo de poesia de intuição moderna: poesia satírica que bem poderia ser associada a que Juó Bananère (pseudônimo de Alexandre Marcondes Machado) já produzia em São Paulo, e queFurnandes Albaralhão (Horácio Mendes Campos) faria do outro lado da Baia de Guanabara. Assim, Lili Leitão se tornaria, ao mesmo tempo, a ovelha negra e o gênio da raça “parisiense”.
São conhecidos dois livros de Lili Leitão. O primeiro, Sonetos, datado de 1913 (e com relançamento agendado para a próxima Bienal do Rio de Janeiro – 2011 – pelo selo da editora Nitpress); o segundo, Vida apertada: Sonetos humorísticos, de 1926 (publicado em uma segunda edição crítica pela mesma Nitpress, em 2009). Atribui-se ainda um terceiro título ao autor, trata-se do controverso Comidas bravas, obra com poesias fesceninas que, segundo o poeta Luís Antônio Pimentel, seria de data intermediária aos dois outros (estima-se 1923). Este livro constitui uma “lenda urbana”, estando extraviado desde aquela época.

Embora Lili tenha se destacado como poeta, sabe-se que o maior êxito de sua carreira foi o teatro de revista. O próprio autor reconheceria isso no poema “Eu”, quase uma epígrafe de seu Vida apertada, quando nele Lili declara: “Sou poeta, burocrata e revisteiro” (p. 57. Grifo do autor). É verdade, a maioria de sua obra está no teatro. Assim, entre 1913 e 1926 (quer dizer, entre Sonetos e Vida apertada) foram encenadas, com relativo sucesso de público, peças como: Tudo na rua(1914), Então não sei (1915), Pra cima de moi (1916), Logo cedo (1917), Das duas umaEu aqui e ela lá e O espora (todas de 1918), Bancando o trouxa, Demi-garçonne (ambas de 1921), A ceia dos presidentes (1924) e O rendez-vous amarelo(1930).
O resgate da literatura de Lili Leitão (e de parte da Roda do Café Paris) carece de uma busca dos textos dessas peças de teatro apenas conhecidas por seus títulos e por anúncios em recortes de jornais de época (como O Fluminense). Fazer ressurgir esta memória é algo que depende de trabalhos como os que vêm sendo elaborados, pacientemente, pelo historiador Emmanuel Bragança de Macedo Soares.
Contudo, ante a absoluta carência de elementos para investigação da obra, solicitamos a todos aqueles que saibam de algum material inédito sobre o teatro de Lili Leitão, bem como da poesia do mesmo autor, que nos notifiquem urgentemente. Caberia, mesmo, uma campanha de busca aos originais das peças de Luiz Leitão. Pedimos, assim, que este apelo seja multiplicado em blogs e sites tornando visível o esforço, quase arqueológico, de retirar o Lili teatrólogo das brumas.

Uma prova do esforço de resgate do teatro de Lili Leitão é dado aqui, no texto inédito, gentil e exclusivamente cedido por Emmanuel Macedo Soares ao Literatura-Vivência:


“Deixando o Cine Teatro Eden, a companhia de Álvaro Diniz inicia a 24 de novembro de 1924 uma vitoriosa temporada no Cinema Coliseu, encerrada intempestivamente a 13 de janeiro do ano seguinte, quando a casa resolve desmanchar o palco para se dedicar apenas à exibição de filmes. A estréia foi fria, com a revista Paris no Rio, de Alfredo Breda, seguindo-se a burleta carnavalesca A flor do tinhorão, de Armando Braga, que também não empolgou, já que o carnaval ainda estava muito longe. Álvaro lembrou do sucesso da revista política O pé de Anjo, de Cardoso de Menezes e Carlos Bittencourt, mas também não deu certo: Pé de anjo era apelido do presidente da República, Artur Bernardes, que há dois anos governava o país sob o chicote do estado de sítio. Trouxe o menino prodígio Petit Encanto, e o público não deu sinais de vida. Todo mundo já vira o garoto, de 8 anos, cuja versatilidade no palco fez efêmera fama nas casas cariocas. O empresário apela para o bairrismo e encena a revista local Não tem importância, de João Carvalhais e Benedito Montes, minhocas da terra. Aí, sim, o teatro começa a lotar. E superlotou a 29 novembro, quando Álvaro descobriu seu veio de ouro, levando à cena a revista Prá cima de muá, de Lili Leitão. Entusiasmado, encomenda outra peça do gênero ao incomparável revisteiro niteroiense. E ele não se faz de rogado, entregando em poucos dias os originais de Niterói em cuecas, que ficou em cartaz desde 17 de dezembro até o melancólico encerramento da temporada. Os cenários de Amadeu Vieira reproduziam vários pontos da cidade, especialmente a Praia de Icaraí, cuja vista ocupava o palco de lado a lado. O grande número de quadros levou o empresário a contratar novos artistas, entre eles Rosália Pombo, Abel Dourado, Júlia Ribeiro, Clotilde Hor Dorgy e Célia Zenatti. Para interpretar os números musicais trouxe um jovem cantor que começava a se destacar nos palcos e paradas carnavalescas, chamado Francisco Alves. Era ainda o Chico Viola das rodas do Estácio e revistas da praça Tiradentes, muito longe de se tornar O Rei da Voz de 1952, quando tragicamente faleceu. Célia Zenatti, companheira no elenco, seria também sua companheira de vida, e por toda a vida.”


(SOARES, Emmanuel de Macedo.
Notas para uma história do teatro em Niterói. Niterói: No prelo



(Fonte pesquisa google)


http://nitpress.webstorelw.com.br/t/poesias/


http://youpode.com.br/blog/todapalavra/tag/lili-leitao/


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