Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um Brinde à Poesia Nit. Setembro 2013


Um Brinde à Poesia Movimento pela paz e liberdade de ser

O Movimento tem como principais objetivos divulgar a obra de artistas 
consagrados na literatura e na música – letrista, despertando cada vez mais o interesse pelos livros e letras de conteúdo, além de promover lançamento de livros ou cds, sem custo algum. A cada edição proporciona espaço para novos autores e compositores, estimulando e encorajando aqueles que nunca se apresentaram num sarau ou mesmo falaram num microfone em público.

Vamos celebrar 

Coordenação e apresentação: Lucília Dowslley

Poetas Convidados: Mano Melo, Cláudio Cardoso e Wanda Monteiro

Convidado Musical: Frederico Amitrano e banda

Teatro: Nélio Fernando

Momento Diverso: Participe com um poema ou uma música 
Se inscreva no facebook 
Entrada: Um quilo de alimento não perecível para Abrigo Adonai
http://www.casalaradonai.org/2009/03/em-marco-de-2007-associacao-dos.html


Produção Geral: Lucília Dowslley

Próxima Edição: Dia 9 de Outubro - Celebrando o centenário de Vinícius de Moraes














WANDA MONTEIRO

A escritora Wanda Monteiro, é uma amazônida, nascida às margens do Rio Amazonas no coração da Amazônia, na cidade de Alenquer no Estado do Pará. A escritora herdou sua devoção pelas artes, sobretudo pela literatura, de seu pai o escritor Benedicto Monteiro e como foi criada circundada pelos livros, desde menina, cultivou o hábito pela leitura e pelo exercício da escrita. Wanda Monteiro embora tenha militado por vários anos na advocacia atuando, inclusive como Procuradora do Estado do Pará, por 10 anos, e depois como consultora jurídica e conselheira da OAB/RJ/Niterói, nunca se afastou de sua vocação, escrevendo ensaios, poemas, contos e romances, publicando seu trabalho em revistas literárias, sites, portais e blogs na rede, como por exemplo: o Portal Literal, o blog www.abaribó.blogspot.com e em seus próprios blogs o www.caleidoscopiodpalavras.blogspot.com e o www.wandabenedictmonteiro.blogspot.com. Além de escrever e advogar, a escritora exerce a atividade de produtora e supervisora editorial, na Editora Amazônia com sede no Estado do Pará, Wanda Monteiro aprofundou seus estudos, cursando Linguagem e Pensamento – extensão da área de Filosofia, MBA em Políticas Públicas na UFRJ e Jornalismo On Line na Universidade Veiga de Almeida. A escritora, publicou seu primeiro livro solo o Memória de Afeto – livro de contos com selo independente, participou de vários projetos editoriais e de pesquisa histórica realizados no Estado do Pará e fora dele. Nos últimos anos, a escritora tem se dedicado exclusivamente à arte literária, tendo publicado os livros O Beijo da Chuva - /2009 ( este já está na 5º reimpressão) e o ANVERSO - /2011 ( este já está na 3ª reimpressão), ambos, lançados com o selo da Editora Amazônia, no Estado do Pará e no Estado do Rio do Janeiro. Wanda Monteiro que também participa do Proyecto Sur Brasil – Poetas do Brasil em suas antologias IX, XI e XIII, lançadas, anualmente, no Congresso Brasileiro de Poesia no Rio Grande do Sul, realizou várias apresentações de performances poéticas e concertos lítero-musicais nos espaços culturais de várias cidades do Brasil, sobretudo no Estado do Rio do Janeiro e no Estado do Pará. Recentemente, foi convidada pra participar como poeta da Antologia de Poetas da Língua Portuguesa numa produção editorial realizada pela escritora e produtora editorial, a portuguesa Luiza de Andrade Leite, em Lisboa - a ser lançada final desse ano de 2013. Atualmente dedica-se aos seguintes projetos: publicação e lançamento de seu próximo livro A FILHA DO RIO, e a conclusão de primeiro romance.


MERIDIANO



Em que meridiano me perdi


Em que leito eu sequei


Qual a fuga de meu dever





Qual a procura de meu devir


Onde e quando


Relendo as lendas e o traslado de meus mitos


Deixei de seguir o rito dos pássaros sobre o rio


Esse rito que podia me levar ao subterrâneo de meu verbo


?





RIOS

Meus olhos miram invisíveis rios


Neles


Palavras que eu nunca disse


Nadam como peixes cegos


Nadam famintas


Morrendo à míngua de minha coragem de dizê-las


No leito


Morto!


Um Eu nunca dito



A VOZ DO FILHO


Fui arrebatada pelo silêncio
Que de sua agonia e espera me devora
Que de seu nada se molda em tudo
E em tudo me esmaga e esfacela
Se de toda essa espera e agonia nada me sucumbe
Ainda me resta gritar pela escuta de alguma voz
Alguma voz que venha de todas as vozes
Da voz do vento e de suas asas invisíveis
Da voz do céu habitado por pedras em breu
Da voz da terra e do abismo que há por dentro dela
Da voz do sol e do fogo que tudo queima e arde
Da voz das águas que trazem o ritmo de suas correntezas
Da voz da chuva e do espírito de suas águas
Da voz do mistério das coisas e do que há por debaixo delas
Da voz da escuridão de seu impalpável
Da voz de todos os nascimentos e de todas as mortes
Da voz da Mãe e da voz do Pai
E se de toda voz pela qual peço e grito
Nada me salve de sucumbir
Que por fim traga-me a sorte da voz de um filho
Pois que essa voz possa me trazer a redenção de me saber vivo
Simplesmente vivo.


NU

Acabei náufrago desse desgoverno
Que me levou o leme
Que me despiu das velas
Que me quebrou as quilhas
E me deixou Nu nesse mar de amar a esmo
Nu!
À deriva e sem a sombra que me deserdou
Nu!
À mercê do ciclo dos ventos e da sanha de seus destinos
Nu!

Entregue ao tempo e à sorte de um dia ser salvo por um novo Amor.



CAIS

Turva água a tua
Que de teus olhos
Escorre nua
Molha a pedra
             Face tua
Abre-lhe fenda
Funda
Escura
Fina janela para teu subterrâneo Cais

Abismo de teus Ais.

******

Na fumaça dos cigarros
Há uma música triste
Tons de cinza
E uma aroma de nicotina
Na conversa com gosto de álcool
Há um quê de esquecimento no mofo de cada palavra cuspida no chão
Há o peso da voz
Línguas afogadas em impropérios
Gestos trôpegos
E um salmo profano de risos cínicos e frouxos
Riem
Como se sorrir fosse enganar a morte
Na mesa úmida de histórias
Um prato de pecado
Copos de ilusão
Doses diárias de anestésicos
E um colóquio de olhares selando a cumplicidade
O ranger de cadeiras sangra um chão de cinzas e de palavras
A fraternidade embriagada senta-se à mesa para negar a realidade
E vomitar sobre a lucidez
Há vermelho e calor
É o escárnio da dor travestida de alegria
Que subverte e resvala na madrugada dos homens
É a madrugada dos homens

E o soturno de sua solidão.







CLÁUDIO CARDOSO

Escritor, editor e produtor cultural paranaense. 




Metade

Sou tua metade
E és a outra metade
Que em mim faltava
Pois tua metade estava em mim
Na metade que procuravas

Agora tua metade se encontrou
Com a minha outra metade
E nossas metades são um todo
Das duas partes de uma metade
Que em nós dois faltava.


Simbiose

DENTRO DE MIM MORA UM ANJO
Que por ser um ser divino, não se
Preocupa com o que Deus vai pensar de
Suas diabruras, porque sua natureza o Fez assim

DENTRO DE MIM MORA UM MONSTRO
Que vaga no mais profundo de minha alma
A procura de sua próxima vítima ou quem
Sabe que ele mesmo seja sua vítima.

DENTRO DE MIM MORA UMA CRIANÇA
Que brinca na beira do asfalto, (in)consciente
Dos perigos da noite e da sua inocência de
Tenra idade.

DENTRO DE MIM MORA UMA MULHER
Que dorme, absorta, em busca de sonhos,
de paz e de liberdade

DENTRO DE MIM MORA UM POETA
Que abraça o mundo e a todos: o anjo,
O monstro, a criança e a mulher, em uma
Estranha e necessária SIMBIOSE.


Sapos

Foi,...Foi,...Foi...

Oh, Luiz, olha os sapos, olha como cantam
bonito...
Foi, ...foi,...Foi,...

Mas a lagoa estava condenada, vão fazer
um shopping center, lá também vai ter sapo,
de plástico, de madeira, de metal, são
mais modernos, alguns até importados,
fabricados, vindos do estrangeiro, made
in china, sapo com hora marcada para
cantar, movidos a pilha, energia solar,
com controle remoto...
Mas...
Que pena!... Eles não cantam para a lua,
não foram feitos para isso e nem respondem
uns para os outros quando a mãe de Luiz
pergunta:
-Quem comeu meu queijo?...
-Foi o sapo boi?...

Foi...foi...foi...



NOTURNO


Tua sombra ficou carimbada
Na parede de minha choupana,
E quando vem a escuridão,
Tu voltas para assombrar
A minha existência.

E eu, como um menino
Que brincou com fogo
Neste momento
Sinto me vir o medo
E oro para que logo
Venha a manhã salvadora

Percebo que o fim do sonho
Trouxe-me a tua ausência
Uma saudade imensa de ti
Quase um banzo,
Invade meu pequeno mundo,
E te sinto correndo nas minhas veias
Tornando-me irremediavelmente
Perdido no teu vício.

E quando acordo
Curumim
Vivo mais um dia
A espera que a noite volte...

...e tu também!



DESEJO ARGONAUTA

Cinquenta heróis, entre eles Jasão,
Meu coração viajante me conduz
Estradas são o mar e o vento irmão
De um cais que nunca se traduz

Domado como um potro Aragano
Em revolta, as águas abismos são, 
Quão aflito, sentimento profano,
Transformou calmaria em proteção

A nau grega o Helesponto avança 
Mar onde o jovem Heles morreu
Velas ao vento que no céu dança
Em revés de todos os sonhos meus

Antes que a moeda, a Creontes ofereça,
Muitas aventuras ainda perseguirei,
Como o herói grego, sua chama acesa, 
O destino navegante que ainda terei.






MANO MELO


MANO MELO nasceu no Ceará em 1945. Com 16 anos veio para o Rio de Janeiro. Nos anos 70, saiu numa viagem por todos os continentes que durou dez anos.

É poeta e ator, tendo em seu currículo diversos trabalhos em teatro, cinema e TV.

Autor de vários livros, os mais recentes Viagens e Amores de Scaramouche Araújo ( romance), O Lavrador de Palavras ( poemas, esgotado) e Poemas do Amor Eterno.

Interpreta seus poemas no Rio de Janeiro e por todo o Brasil. Em teatros, tvs, rádios, congressos, eventos. bienais, etc. etc.

Atualmente apresenta toda última terça de cada mês o show Mano a Mano, com convidados especiais. O Mano a Mano também é um programa de rádio, Mano a Mano com a Poesia, Rádio Roquete Pinto FM, 94.1, todas as primeiras quintas feiras de cada mês, às 22:15 horas.




1.

CONTÉM PORÂNEO

Devolva meus livros
Apague minhas palavras de suas lembranças
Não pense em mim nunca mais.
Sei que pra você não existo.
Foi só um capricho
De noites banais.

Você sugou meu crânio
Até os miolos
Pra temperar seu macarrão instantâneo.
Mas cuidado:
Contêm porâneo.

2.

Poesia é meu totem.
Único Deus vivo que me restou do Olimpo.
Tá limpo.
E amém.

3.

O
Amor
é
Terno.

O
Amor
é
Fêmero.

O
Amor
É
Fé.

O  Amor
É.





4.
RILKEANA
A vida tem razão em todos os casos.
A vida tem razão em todos os acasos.
A vida tem razão em todos os ocasos.
A vida tem razão.

5.
A RAINHA DA USURA


Entrou loja adentro
E pediu uma peça
De terna ternura
A Rainha  da Usura
Dona do armazém
Lhe disse:
-         Não tem!



6.
HAI  KAIPIRÍSSIMA

Não se proteja de caminhar a esmo.
Todos os caminhos levam à Roma
De nós mesmos

7.

CURAÇAU
Me leva meu coração,
Me leva pra Curaçao,
Aqui não sou feliz
Como mereço.
Perdí o endereço,
Errei de país,
Enganei de cidade.
Me leva meu coração
Me leva pra Curaçau,
Onde a vida é plena.
Viver só vale a pena
Quando se é totalidade.




8.
TONY MELO O CANTOR DE BOLEROS

Tony Melo é cantor de boleros
Intérprete escancarado
De todas as bigodices
Íbero-americanas,
Melodias dos tempos do onça
Gravadas em geringonças
Pré-digitais.
Cantor das musas difusas
Em fusas e semifusas,
Rainhas loiras e princesas cafusas
Dos vários fusos horários.
Ele é o canário das Ilhas Canárias
E de todos os balneários.
Tony Melo é liberdade de expressão.
Não faz distinção
Entre O Bolero de Ravel
Ou o Bolero de Raquel.
Na sua opinião
Cada um canta o que quiser 
E vive como quer.


9.
SABIÁ

Você sabia que o sabiá
É um sábio
Que sabe assobiar?



10.

AS INGRIDS
 As Ingrids não precisam ir às missas,
Todas as Ingrids
São rainhas de quermesses.
Todas as Ingrids
São fadas.
Todas as Ingrids
São fodas.
Todas as Ingrids
São pole positions
Nos grids de largada.



11.
O TEMPO é um rato
Que rói.
Qualquer coisa quebra o Infinito
E dói.

12.
Colhi recolhi
Recolhendo repartí
Repartindo partí.

Partindo me reparto
Parto
No ato
De partir.

13.

Deus é o desmaio do mês de maio
Para desabrocar nos colapsos de junho.
E assim o tempo vai passando
E vamos sendo o que somos
Laranjas da terra em pequenos gomos.

A cor da terra é verde a cor da terra é âmbar
Vista do espaço transparece em azul.
Dentro de nós são todos os sons que os ouvidos ouvem
E tudo do mundo  que no corpo também.

Estamos aquí com visto de turista.
A Eternidade é muito mais além.





14.

Tudo que grita é mudo.
O eco do mundo está surdo.
Eu busquei ver nos teus olhos de medo
Mas o que hoje é doce amanhã vira azedo.
Dúvidas dividem e não pagam dívidas
Nem nessa nem nas outras vidas.
É tudo uma questão de arriscar
Uma questão de procura e de crença.
Quem espera nunca alcança.
Esperar? Nem criança…


15.
SAUDADES NO TREM

Onde se foram as saudades?
Num trem.
O eco canta na tarde:
Ninguém.
O trem parte e ainda no sino
Um pedaço de blém.
A vida segue vivendo
Mal ou bem.


Quando o junto se separa
O curacao não para.
Mas os momentos de pura alegria
Viram rubís de gema rara.


16.

GILZA MARIA
Que terras são aquelas lá embaixo
Que essa estrela aqui de cima alumia?
Não sei não sei Gilza Maria
São terras do Afeganistão ou são terras da Turquia.
Já andei terras e mares de tantos lugares
Que nem sei que mediterrâneos tão mexendo no meu crânio

Eu não sei se aquela estrela é de ourto ou de urânio
Eu só sei que brilha bela e meu amor está dentro dela
E que faz parte da Constelação da Ursa Cadela
Cada ponta me aponta o destino meu e dela.








FREDERICO AMITRANO

Nasceu no Rio de Janeiro em 7/2/1967 e ao mesmo tempo em que aprendia as primeiras
palavras, aprendia também a cantar, pois, com um ano de idade, chegou a furar a faixa de um
vinil de tanto repetir a mesma canção. A música sempre foi sua grande companheira.
Ainda aos oito anos começou a escrever poesias e a disputar os festivais de música de
seu colégio. Na adolescência venceu diversos festivais de literatura (poesia) e de música
na Universidade Gama Filho, onde, por conta disso, recebeu uma bolsa integral para seus
estudos. Algumas de suas poesias foram publicadas pela editora Sapere em Antologias
Poéticas.
Psicanalista Clínico e membro da Associação Nacional de Psicanálise Clínica, aproveita as
nuances do inconsciente e o material degustado na prática diária da psicanálise para compor
lindas canções que falam da angústia e do afeto humano.
Sua obra é inteligente, direta, romântica e reflexiva. Podemos dizer que é uma fotografia
das diversas situações que passamos na vida. Eclético em seus ritmos, compõe de samba
a rock (passando pelo xote, repente e blues). Possui uma “brasilidade” notória. Sua voz
é inconfundível e seu estilo, ímpar. Influenciado pelos grandes nomes da MPB, consegue
perseguir a qualidade e a modernidade ao mesmo tempo.



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