Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DESERTO DA ALMA


Deserto da alma

Eu paro no meio da rua
Deslizo pelo ar e começo a chorar...
Sentada no chão olho
O corpo de um cachorro maltratado
E pergunto se ainda posso
Algo fazer para minimizar
A dor a crueldade.
Tarde demais para este aqui.

Até quando mãos humanas
Erguer-se-ão para causar
Tanta maldade e destruição?
Até quando corações gelados
Monstros em corpos humanos
Continuarão andando livremente?
Até quando repassaremos
Como flashes em trauma na mente
Este estágio inferior degradante
Que não se liberta das correntes
Do mundo caótico?

Céu escuro sobre nós nuvens pesadas
Raios e trovões riscam o céu.
E é apenas o começo de uma era
Espera que vem mais por aí.
Eu não quero fechar os olhos
Eu não quero dormir.
Enquanto as notícias mancham
De vermelho as páginas de cada dia
Um engravatado voa de jatinho
Sem o menor medo ou pudor.

O mal existe e tem uma forte raiz.
A desigualdade e a injustiça
São fortes adubos da destruição
O egoísmo a ambição
Cegam pela busca a qualquer preço.
Não importa mais a idade
O nível social escolaridade e tal
Não há mais limites nivelamento
Não há mais valores nem crenças
Muito menos se fala em fé.

Não existe mais uma norma.
Vale tudo no jogo da sobrevivência
Os egos estão no comando.
Esquece essa história de consciência
Sábios superiores pensamentos
Meditação não dita ação.
Se há alguma poesia na prosa
Versos rimas canção melodia
São gritos perdidos no deserto da alma.
O slogan moderno não é nenhuma novidade
Vira-se de quatro para lua pixa-se e pira
Tráficos desumanos.
Une mais que qualquer laço de sangue
Por estes mata-se e morre.

Não sei o que faz uma pessoa
Maltratar um animal
Maltratar uma criança
Outra pessoa, a natureza.
Eu não consigo simplesmente
Dar as costas e seguir
Como se fossem figurantes
Numa peça mal escrita.

Parei aqui e decidi ter
Uma forma de poder ser
Alguém mais forte potente
Para não omitir meus sentimentos
Seja a arte, a poesia
A minha forma de expressão
Libertação seguida
De transformação ação
Que seja o meu caminho.

Existe um pulso soando amor.
Está em mim e se dilui
Nos olhos de um azul transparente
Infinito como o céu longe do fim.
E por um segundo
Senti a brisa em torno
Asas brancas assoprando
Sonhos nos meus pés.
Depois, mesmo assim
Inflada de sutil entusiasmo
Não consegui seguir.

Dentro de mim o eco
Da dor do vazio
Da falta de humanidade.
Por mais que eu busque
Tudo ainda é pouco
Para frear à bala
A gota de sangue sal
a violência a dor
O triste final.

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